• Edição 163
  • 12 de março de 2009

Microscópio

Transtorno da fala em debate

Cília Monteiro

Em parceria com o Instituto Brasileiro de Fluência (IBF), a UFRJ está organizando o II Fórum Científico IBF/UFRJ. Leila Nagib, professora da graduação em Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFRJ, participará do evento abordando dados epidemiológicos de atendimento no Ambulatório de Transtornos da Fluência, que funciona no Instituto de Neurologia Deolindo Couto, da UFRJ. “Pacientes com gagueira são muito mais freqüentes em nosso atendimento do que indivíduos com outros tipos de problemas na fluência”, revela Nagib.

Segundo a professora, o ambulatório existe desde 1996, dois anos após a criação da graduação em Fonoaudiologia. “Trata-se de uma disciplina do curso, alunos que estão no último ano de estudo passam pelo meu ambulatório como um período de estágio”, explica Leila. O serviço é oferecido toda segunda-feira a pacientes de qualquer faixa etária que apresentem problemas de fluência. O atendimento pode ser individual ou em grupo.

Leila procurou levantar uma estatística dos pacientes do ambulatório por sexo, faixa etária, participação em grupos, entre outras características. “Ainda atendemos pessoas com outros distúrbios de fluência, como taquifemia e taquilalia (problemas de fala acelerada). Mas o percentual de gagueira é muito alto, principalmente em adultos”, informa.

De acordo com Nagib, o tratamento dos problemas consiste em exercícios de linguagem. “Quando o paciente é criança, também orientamos a família. Verificamos o aspecto do desenvolvimento psicomotor e neurológico para podermos, se for o caso, encaminhar a um psicólogo ou neurologista”, observa a fonoaudióloga.

Ela explicou que as gagueiras mais comuns são as que acontecem na época do desenvolvimento lingüístico, social, psicológico e neurológico. A professora ainda exemplificou o caso de crianças que possuem a gagueira associada a outras doenças. “Temos um índice de três crianças com epilepsia. Elas precisam de um neurologista, é necessário outro diagnóstico junto”, aponta.

— No adulto, por exemplo, existe a gagueira que chamamos de psicológica, ou psicogênica. Às vezes precisamos encaminhar ao psicólogo, porque não é um atendimento propriamente do nosso ambulatório — indica a professora. 

No entanto, Leila informou que para a maioria dos pacientes basta a assistência fonoaudiológica. Ela considera de grande importância os grupos atendidos no ambulatório, criados não apenas para suprir a demanda de pacientes, mas também para acelerar o desenvolvimento do trabalho. “Os grupos são determinados por faixa etária, não por transtorno. Dividimos entre pré-adolescentes, adolescentes e adultos. Isso é uma coisa rara no Rio de Janeiro”, afirma.

Leila ainda destacou a participação do ambulatório em campanhas na mídia. “Todo mês de outubro coordenamos uma campanha na cidade, já que dia 22 é o dia internacional de atenção à gagueira. Isso torna ainda maior a procura por nosso serviço”, diz a fonoaudióloga.

De acordo com Leila, o II Fórum Científico IBF/UFRJ é destinado aos alunos e profissionais de Fonoaudiologia, e já demonstra expressividade nas inscrições, inclusive com participantes de outros países. “Para essa edição, a novidade é o I Curso Internacional, que conta com um convidado da Universidade da Flórida, Dr. Gerald Maguire”, revela Nagib. O especialista americano vai abordar o aspecto medicamentoso, tema bastante atual na Fonoaudiologia. O evento será realizado nos dias 3 e 4 de abril, no Clube de Engenharia, localizado na Avenida Rio Branco, 124, 25° andar. Mais informações no site: http://www.gagueira.org.br/forum.shtml.