• Edição 166
  • 02 de abril de 2009

Notícias da Semana

Nutrição esportiva: uma conquista de espaço

Cília Monteiro

Nesta quarta-feira (01/04), durante a I Semana de Nutrição UFRJ, o tema “Nutrição esportiva” foi abordado em série de palestras no auditório Rodolpho Paulo Rocco. Maria Lucia Bastos, nutricionista da Advanced Products, falou sobre suplementos nutricionais. Renata Faro, nutricionista do Fluminense Futebol Clube, relatou sua experiência no trabalho com as equipes. Já a nutricionista Adriana Baddini tratou da nutrição voltada para as academias.

Maria Lucia Bastos traçou uma retrospectiva da nutrição, começando por 1989. De acordo com ela, foi um período em que era baixa a valorização do profissional e havia pouca penetração nos meios esportivos. “Existia já nessa época a comercialização dos chamados suplementos, só que de forma assustadora. As pessoas acreditavam que, tomando determinado produto, ficariam fortes como mostravam as embalagens”, observa Maria Lucia. Isso gerou um discurso homogêneo entre os nutricionistas, que defendiam a alimentação equilibrada, sem a utilização de suplementos.

Na década de 90, houve a aceitação do suplemento. Com o lançamento da Linha NutriSport, Maria Lucia começou a trabalhar na empresa com nutrição esportiva. “Difundíamos a importância da nutrição aplicada à atividade física, ministrando palestras em clubes, academias e universidades. Acreditávamos que era preciso orientação para a utilização de suplementos”, relata. Descobriu-se a necessidade do nutricionista nos meios esportivos e esse foi um momento de estímulo à sua entrada no mercado. A regulamentação dos suplementos em 1996 também contribuiu no processo.

Segundo Maria Lucia, a inserção dos nutricionistas nos meios ligados a atividades físicas resultou num excesso de contingente de profissionais, que marca o início do século XXI. A situação agravou-se com a banalização da informação pela internet e o crescimento dos esportes de rua, medidas que descartam o especialista em nutrição. Por outro lado, o aumento do interesse da população por uma alimentação saudável favoreceu a atuação do nutricionista. “Acredito que o profissional de hoje precisa sempre aumentar sua bagagem, buscando enriquecimento pessoal. E isso tem que ser aplicado de forma a atingir o outro como ser humano, é fundamental lembrarmos de estabelecer essa relação”, argumenta a nutricionista.

Nutrição no futebol

Renata Faro, que trabalha com a equipe de futebol do Fluminense, ressaltou a responsabilidade do nutricionista no campo do esporte. “É preciso utilizar os suplementos, mas com cuidado para que os jogadores não caiam no controle de doping. Por um erro do nutricionista o atleta pode ficar até dois anos sem trabalhar”, aponta. 

Quando Renata chegou ao Fluminense, os jogadores eram orientados por um médico ortopedista. “Fui supervisionada por ele nos dois primeiros cardápios que montei. No terceiro, ele viu que não tinha conhecimento nessa área para continuar analisando o que eu estava fazendo e sugeriu então que eu continuasse meu trabalho sozinha”, constata. A nutricionista poderia ter rejeitado a supervisão médica, mas não quis se impor como profissional. “Não me impus, eu conquistei aquele espaço mostrando a competência do nutricionista”, afirma.

Segundo Adriana Baddini, os clientes de uma academia procuram o profissional de nutrição visando a três principais motivos: melhor qualidade de vida, estética e prevenção de doenças. “O público-alvo é bem amplo, é preciso traçar um perfil do cliente”, informa. Ela destacou a importância da avaliação da composição corporal no acompanhamento do frequentador da academia. “É fundamental para que possamos diferenciar se ele ganhou peso por aumento de massa muscular ou de percentual de gordura”, conclui a nutricionista.


Carlos Duarte ministra palestra no Instituto de Biologia

Beatriz da Cruz

O Instituto de Biologia da UFRJ recebeu, nesta segunda-feira (30/03), para uma palestra, o professor Carlos Duarte, atual presidente da Sociedade Americana de Limnologia e Oceanografia. Com o tema "La significación del metabolismo de ecosistemas acuáticos", o professor falou acerca da relevância global do metabolismo aquático, estudo em que tem trabalhado nos últimos dez anos e que, segundo ele, é também um tema pouco estudado.

O professor é um renomado pesquisador de ecossistemas marinhos, além de ser o atual presidente da Sociedade Americana de Limnologia e Oceanografia, sociedade de grande prestígio e referência mundial nas ciências aquáticas. Carlos é também professor do Imedea, Instituto Mediterrâneo de Estudos Avançados na Universidade das Ilhas Baleares, em Mallorca, e já publicou mais de 350 artigos.

Em sua palestra, que ocorreu no Salão Azul do Instituto de Biologia, o professor falou sobre a medição de variações diárias de concentrações de oxigênio através da qual é possível inferir dois processos muito importantes para a dinâmica dos ecossistemas, que são a produção e respiração. Segundo ele, a concentração de oxigênio nas águas de rios apresenta um ciclo diário com valores mais baixos na noite do que durante o dia e que, a partir dessas mudanças na concentração de oxigênio, é possível calcular a produção primária e taxa de fotossíntese.

Duarte explicou que a produção é muito importante por ser a fonte principal de matéria orgânica para manter os processos biológicos nos ecossistemas. A respiração é também um processo importante, pois destrói a matéria orgânica para gerar a energia necessária para manter os processos biológicos.

A taxa de troca de oxigênio entre atmosfera e rios foi indicada como importante porque aponta para o efeito dos ecossistemas sobre o intercâmbio gasoso e sobre a composição da atmosfera. “Os ecossistemas estão conectados, não estão isolados. E as conexões entre ecossistemas são muito importantes, então não é possível estudar os ecossistemas de forma isolada”, explica Duarte.

Além de falar sobre produção, respiração e da importância dos intercâmbios com a atmosfera, Carlos ainda abordou as conexões entre os ecossistemas terrestres e aquáticos e explicou os diferentes tipos de sistemas: os autótrofos, cuja taxa de produção de matéria orgânica é maior do que a taxa de respiração, e os ecossistemas heterótrofos, com taxa de produção menor do que a taxa de respiração.