• Edição 177
  • 25 de junho de 2009

Ciência e Vida

Óleo de coco pode aumentar o colesterol bom

Thiago Etchatz


Em um estudo pioneiro, pesquisadores do Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC/UFRJ) comprovam indícios de que a ingestão de óleo de coco aumenta o nível do colesterol bom. O HDL (Lipoproteína de Alta Densidade na sigla em inglês) é uma substância lipídica responsável por transportar gorduras presentes na corrente sanguínea, sendo fundamental para combater doenças cardiovasculares.

A pesquisa foi realizada para a dissertação de mestrado de Christine Erika Vogel, orientada pelas professoras-adjuntas Márcia Soares da Mota e Eliane Lopes Rosado, do setor de Nutrição Clínica do INJC. E só foi possível em razão do investimento dos pesquisadores e das parcerias com o Laboratório de Análises Clínicas da Faculdade de Farmácia (LACFAR), responsável pelas análises laboratoriais; a Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (APAE), que fez a dosagem de insulina; e a COPRA Indústria Alimentícia, que forneceu o óleo de coco.

— A ideia da pesquisa surgiu do fato de a literatura científica apontar a importância da qualidade do lipídio ingerido como um adjuvante no tratamento dietoterápico da obesidade. Estudos prévios propuseram que os triglicerídeos de cadeia média (TCM), tipo de lipídio encontrado no óleo de coco, favorecem a perda de peso por induzirem o aumento do gasto energético basal e da termogênese induzida pela dieta — esclarece Márcia Soares.

Segundo a professora do INJC, a pesquisa foi realizada com indivíduos adultos entre 20 e 59 anos, obesos de grau 1 (IMC entre 30 e 34,9 kg/m2). “Foram analisados 29 homens que fizeram exames de sangue para análise dos parâmetros bioquímicos — colesterol, insulina, glicose e lipídios”, relata a pesquisadora. Também foram considerados: a massa corporal, os percentuais de massa magra e massa gorda.

Em um segundo momento, os pacientes foram divididos aleatoriamente em dois grupos. Ambos fizeram uma dieta que consistia no consumo de pão branco, queijo cottage, creme cracker e suco industrializado. Porém, um grupo teve que ingerir 13g de óleo de coco extravirgem, enquanto o segundo ingeria a mesma quantidade de óleo de soja. “Os indivíduos só tomaram conhecimento sobre o tipo de óleo consumido após o término do estudo”, esclarece Márcia.

Novamente foi feita a coleta de sangue dos participantes do estudo. Posteriormente os pesquisadores formularam uma dieta balanceada para os voluntários. No jantar, metade teria que consumir 13g de óleo de coco, como tempero, e a outra metade 13g de óleo de soja. Após 45 dias novos testes sanguíneos comprovaram as expectativas do estudo.

Foi significativo o aumento dos índices do colesterol HDL nos pacientes que utilizaram o óleo de coco, que ainda reduziu as taxas de glicemia – glicose em jejum – e a resistência à insulina, fatores positivos para prevenção e controle do diabetes.

– Apesar dos resultados promissores encontrados na pesquisa, ainda não se pode, a partir desses dados preliminares, garantir uma recomendação populacional de uso do óleo de coco, pois há a necessidade de expandirmos o tempo de estudo e aumentarmos o número de voluntários, visando à confirmação dos efeitos benéficos. No entanto, vale destacar que o uso de óleo de coco, na quantidade de uma colher de sopa por dia, associado a um plano alimentar adequado, é seguro para o perfil lipídico e glicídico dos indivíduos – afirma Márcia Soares.

O grupo de pesquisadores ainda pretende incrementar o estudo. “Nossas metas futuras incluem a realização do mesmo desenho de estudo; entretanto, em tempo maior, 90 dias, bem como a introdução de um grupo de voluntários diabéticos no estudo. Além da dissertação de mestrado da aluna Christine Érika Vogel, objetivamos a publicação dos dados em revistas científicas internacionais indexadas.”