• Edição 187
  • 03 de setembro de 2009

Por uma boa causa

Timidez ou medo ?

Amanda Salles


Em um mundo tão conturbado, onde constantemente o homem precisa se adaptar ao novo e ao diferente, além de ter a obrigação de desempenhar muito bem os seus diversos papéis na sociedade, não há como evitar a ansiedade e o estresse diante de tanta responsabilidade e tarefas.

As fobias e os transtornos psicológicos vêm se tornando um problema constante da população. Por isso, o Por uma boa causa deste mês traz informações e opções de tratamento para algumas das fobias existentes atualmente.

A Fobia Social, a primeira delas, é um transtorno de ansiedade muito comum hoje em dia, no qual o indivíduo teme ser alvo da atenção das pessoas. Tem pavor de sofrer algum tipo de humilhação, fazer algo que seja considerado ridículo ou embaraçoso, como gaguejar, ter um “branco” de memória ou falar alguma besteira. São indivíduos que se preocupam demais com a opinião e a reação das pessoas quanto aos seus comportamentos.

Segundo Marco Antônio Brasil, a Fobia Social é considerada uma timidez patológica. Existem características de personalidade que diferenciam as pessoas, em que algumas são mais expansivas e outras mais reservadas. Porém, a timidez não pode ser considerada uma patologia, só passando a adquirir tal classificação quando há prejuízo na vida social ou profissional do indivíduo.

“Uma pessoa pode ser tímida em contatos sociais, mas essa timidez não a impede de falar em público e de ir a encontros, mesmo com dificuldade. O fóbico social possui um medo tão grande que o incapacita de falar em público, comer em público e ir a banheiros na rua. Se a pessoa que tem Fobia Social perceber que está sendo observada isso vai gerar uma grande ansiedade.”

As situações desafiadoras da vida e os compromissos em que se é submetido a avaliações, como uma entrevista de emprego ou apresentação em público, são os momentos mais comuns nos quais a pessoa que sofre desse tipo de fobia procura ajuda. Muitas vezes, ela convive com a doença, mas não sofre as consequências por não se expor publicamente. Já em um nível muito grande de timidez, a pessoa só conseguirá se adaptar ao ambiente onde haja indivíduos de seu convívio, como familiares e amigos.

“No ano em que a assinatura, nas eleições, passou a ser obrigatória, muitas pessoas que não tinham sinais de Fobia Social passaram a perceber que isso gerava uma ansiedade e um mal-estar enorme, simplesmente por assinar seu nome na frente de uma pessoa desconhecida”, explica Marco Antônio.

O tratamento dessa fobia é feito através da Psicoterapia e, quando necessário e principalmente, nos casos mais graves, associado a processo farmacológico, com o uso de antidepressivos, combatendo a ansiedade. Os familiares e indivíduos que convivem com o paciente também desempenham um papel importante no tratamento. Essas pessoas não deverão tentar interferir e forçar o paciente com Fobia Social a tomar certas atitudes às quais não está preparado. O tratamento traz resultados gradualmente.

Além disso, o álcool é uma substância que torna o tratamento ainda mais complicado. Por dar a sensação de não-inibição e perda da timidez, pessoas com Fobia social recorrem a bebidas alcoólicas como forma de se inserirem socialmente e serem “normais”. Neste caso, além do problema psicológico, o paciente ainda vai adquirir a dependência pelo álcool.

Segundo Marco Antônio, os estudos sobre a Fobia Social apontam as mulheres como maiores vítimas do transtorno, porém esse número vem caindo devido à grande inserção da mulher em uma vida profissional ativa, antigamente mais comum aos homens. Além disso, a adolescência, com sua atuação no comportamento e no corpo humano, apresenta-se como a fase da vida em que a Fobia Social pode começar a se manifestar, necessitando de bastante atenção.