• Edição 190
  • 24 de setembro de 2009

Teses

Parasito da Doença de Chagas pode prevenir sua morte celular



Thiago Etchatz

Débora Bastos Mello, aluna do Programa de Pós-graduação em Ciências Biológicas e Fisiologia do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF) da UFRJ, defende a dissertação de mestrado “Interação do Trypanosoma cruzi com células progenitoras cardíacas: uma análise da apoptose e do ciclo celular”. A defesa acontece na terça-feira, 29 de setembro, às 9h, na sala G1-022 do bloco G no 1º andar do Centro de Ciências da Saúde, na Cidade Universitária.

De acordo com a mestranda, a Doença de Chagas é uma das causas mais importantes de doença cardíaca na América Latina. A infecção com o parasito causa inflamação na camada muscular grossa da parede do coração, assim como uma cardiomiopatia dilatada crônica. Os efeitos observados na fase crônica da doença são, em sua maioria, atribuídos à infecção e consequente perda da fibra muscular cardíaca.

— No entanto, no coração, existem outros tipos celulares que também são infectados pelo parasito. E ainda não foi descrita a sua capacidade de infecção em um novo tipo celular descrito recentemente no coração: a célula progenitora cardíaca (CPC) — esclarece Débora.

O estudo, sob orientação das professoras do IBCCF Regina Coeli e doutora Adriana Carvalho, investigou a infecção de CPCs pelo Trypanosoma cruzi, comparou o grau de infecção entre as células musculares cardíacas neonatais e CPCs, além de verificar os efeitos dessa infecção sobre o processo de morte celular programada (apoptose) e o controle do ciclo celular nas CPCs infectadas.

Os resultados mostram que as CPCs são infectadas pelo T. cruzi com afinidade semelhante à das fibras musculares cardíacas e “essa infecção não altera o seu ciclo celular, mas promove a ativação da via intrínseca da apoptose. No entanto, o T. cruzi interfere no braço efetor da via intrínseca do processo de morte celular programada. A inibição da morte celular pode ser um mecanismo utilizado pelo T. cruzi para propagar a infecção”, conclui a mestranda.