• Edição 199
  • 26 de novembro de 2009

Saúde e Prevenção

Dor no calcanhar é sintoma de fascite plantar

Tássia Veríssimo

O tema desta semana da seção Saúde e Prevenção é um problema ortopédico conhecido como Fascite Plantar. Para explicar melhor as causas, sintomas e tratamentos da doença, o Olhar Vital entrevistou o médico ortopedista e professor-associado da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Marcos Britto da Silva.

A fascite plantar refere-se a dor, causada por uma inflamação no ponto de origem do fáscia plantar (tecido que recobre a musculatura da planta do pé e que liga o osso do calcanhar à base de seus dedos do pé).

Segundo Marcos Britto, a doença é causada por microtraumatismo repetido na fáscia plantar. Caminhar durante muito tempo, correr e estar com sobrepeso são alguns dos fatores que contribuem para a ocorrência dos traumatismos nessa estrutura, que é pouco elástica.

O médico explica que “o principal sintoma é a dor na parte inferior do pé, principalmente quando a pessoa acorda e pisa no chão, passando da posição sem carga para a posição com carga. Pode haver dor ao longo do dia, mas muitas vezes esse incômodo melhora à medida que a pessoa caminha. Existe, porém, a possibilidade de voltar a doer em outros momentos”.

O diagnóstico do problema é eminentemente clínico e o exame radiológico mostra em alguns casos outra patologia, chamada de esporão de calcâneo, que é uma calcificação que surge na região inferior do osso do calcanhar causada por microtraumas repetidos nesse local. A fascite plantar não possui relação obrigatória com o esporão, porém nota-se que a sua presença é frequente em pessoas com dores na fáscia plantar.

Para combater a doença existem diversas opções de tratamento, que incluem anti-inflamatórios orais e tópicos, injeções locais de corticoides, uso de órteses (palmilhas, calcanheiras) e alongamento. Pode haver tratamento cirúrgico quando a inflamação provoca um edema e a compressão de estruturas nervosas locais.

Os fatores de risco para o desenvolvimento da fascite plantar, segundo Marcos Britto, são prática de corrida, obesidade, longos períodos em pé e caminhadas em superfícies muito duras sem uso de calçado adequado. A idade também contribui para a manifestação da doença, que é rara antes dos trinta anos e possui seu pico de incidência entre 40 e 60 anos.

A prevenção é feita a partir do uso de calçados adequados para corrida e caminhada. Evitar o sobrepeso e fazer alongamento de maneira regular também são formas eficazes de prevenção da fascite plantar, que é uma doença que pode evoluir em surtos. “A pessoa pode ficar dez anos sem ter o problema e de repente ele voltar, mas também pode haver cura definitiva, dependendo do caso e do tratamento utilizado”, conclui o ortopedista.