• Edição 159
  • 29 de janeiro de 2008

Saúde em Foco

Entrevista com o pesquisador da UFRJ Stevens Rehen

Carolina Leal, JB Online

RIO DE JANEIRO - Pesquisador responsável pelo Laborátório de Neurogênese e Diferenciação Celular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o neurologista Stevens Rehen integra a equipe que anunciou recentemente a obtenção da primeira linhagem de células-tronco pluripotentes reprogramadas a partir de células não-embrionárias no país. Com a descoberta, o Brasil passa a ser o quinto país a produzir esse tipo de células-tronco - que podem se transformar em qualquer tipo de células de tecido humano - junto a países como Japão, Estados Unidos, Alemanha e China.

O estudo desenvolvido pela equipe de pesquisadores realizou experimentos com células renais, que passaram por um processo de reprogramação celular através da contaminação com retrovirais contendo os genes Oct-3/4, Sox-2, Klf-4 e c-Myc. Como resultado, os pesquisadores obtiveram a formação de colônias de células-tronco, que expressavam fatores característicos de células pluripotentes.

As células-tronco são estruturas não especializadas, que podem ser obtidas basicamente a partir de tecidos maduros de adultos e crianças ou de embriões. Células-tronco pluripotentes são estruturas que podem se transformar em qualquer tipo de célula do organismo, assim como as embrionárias, mas são obtidas através de tecidos adultos.

As células-tronco embrionárias são chamadas totipotenciais por possuir o potencial de gerar diversos tipos de células do corpo. Há alguns anos, pesquisadores acreditavam que as células adultas gerariam apenas células específicas do tecido de que foram retiradas. Com os avanços científicos, perceberam que células-tronco adultas de regiões como medula óssea, pele e pâncreas, entre outras, poderiam ter o potencial de gerar não apenas células do tecido em que estão situadas, mas de qualquer outro local do organismo, através da técnica de reprogramação celular.

Estudos que envolvem células pluripotentes apresentam uma vantagem em relação aos que fazem uso das embrionárias, em debates sobre questões éticas. A retirada das células embrionárias, na maioria das vezes, resulta no sacrifício do embrião, o que levou grupos religiosos e contra aborto, especialistas em ética, além dos cientistas e sociedade em geral ao debate sobre sua utilização em pesquisas.

Na última sexta-feira, os Estados Unidos autorizaram os primeiros testes clínicos para utilização de uma terapia que células-tronco embrionárias humanas em voluntários que sofreram danos graves na medula espinhal e ficaram paralíticos. O objetivo é testar a segurança na utilização destas células para recuperar tecidos danificados por doenças e traumas.

O desenvolvimento da técnica das células-tronco pode ter importância fundamental na terapia de diversas doenças por possuir potencial de regenerar os tecidos. Entre os males estão Alzheimer, mal de Parkinson, esquizofrenia, cardiopatias e doenças genéticas como Síndrome de Down.

JB Online , 29 de janeiro, Editoria Ciência & Tecnologia

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