• Edição 186
  • 27 de agosto de 2009

Argumento

A Neurociência ao alcance das crianças

Amanda Salles

Divulgar a Ciência para o grande público e estimular o direcionamento vocacional de crianças para atividades científicas são alguns dos objetivos que vêm sendo cumpridos pela ideia de divulgação científica de Roberto Lent, diretor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB). O projeto, que inclui o livro O Neurônio apaixonado, procura alcançar as crianças através de textos, livros e artigos, com uma linguagem clara e bem-humorada, tentando aproximá-las de um assunto que, para muitas, está só na imaginação.

A escolha de crianças como público-alvo se deve ao fato de estarem passando por um período de formação. Com a percepção da dificuldade de comunicação entre o cientista e as crianças, Roberto Lent idealizou uma série de cinco livros, misturando a ciência e a linguagem infantil, dando início ao projeto. “Os professores recebem treinamento específico para trabalhar com crianças, os cientistas não. Então, decidi enfrentar esse desafio, o que resultou nos livros”, explica Roberto Lent.

Os assuntos tratados nos livros retratam o cotidiano vivido pelo autor: a Neurociência. O tema foi romantizado e os neurônios foram usados como personagens. Cada tipo de neurônio gerou um livro, como o da emoção, do movimento e da visão. Em O Neurônio Apaixonado”, por exemplo, o cientista conta as aventuras de Zé Neurim, um neurônio responsável pelas lembranças, que, junto com as outras células presentes no cérebro de um menino chamado Pedro, tem de lidar com as emoções e reações que a paixão causa em nosso corpo.

Além disso, no final dos livros, há uma menção a um pesquisador que trabalha na área mencionada na história, com fotografias e relatos sobre a linha de trabalho, tentando desmistificar a figura do cientista. “A criança precisa ver que tem gente que trabalha com ciência, que os estudos científicos não ficam restritos aos livros. Elas precisam sentir que a ciência está bem perto delas, não considerando mais o cientista como um mito, como algo inatingível, mas sim como uma pessoa normal, que qualquer uma delas pode se tornar um dia”, relata Roberto.

Peça teatral

Antes de lançar, os livros foram analisados por outros cientistas, pessoas que trabalham com literatura infantil e até mesmo crianças. O resultado foi bastante positivo e, hoje, o livro O Neurônio Apaixonado virou uma peça de teatro.

Ao ser publicado, o Grupo Tibiquera, ligado ao Centro Brasileiro de Teatro para a Infância e a Juventude, se propôs a transformar o livro em uma peça. A história foi roteirizada por Claudia Valli, sendo produzida e encenada por esse grupo, durante duas temporadas, com muito sucesso.

Em outubro começa uma nova temporada, que vai atender às escolas da 4° Coordenadoria Regional de Educação do município do Rio de Janeiro, responsável pelas escolas no entorno da Cidade Universitária, como na Maré, Bonsucesso, Ramos e Ilha do Governador. As apresentações acontecerão na Escola Municipal Grécia e as crianças serão transportadas, com a colaboração da Secretaria de Educação, para assistirem à peça. Além disso, um cérebro gigante será levado, para que as crianças possam interagir e entender um pouco mais sobre a neurociência.