• Edição 204
  • 28 de janeiro de 2010

Argumento

Biotério de produção de ratos do CCS já recebe encomendas



Após dois anos de estruturação, o centro entrega primeiros animais na próxima semana


Thiago Etchatz

Ilustra: Igor Araujo

Há dois anos se iniciou a construção do primeiro biotério de produção de animais da UFRJ. Enquanto a estrutura física era erguida no Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF/UFRJ), a equipe de profissionais era treinada em centros especializados. Agora, o Biotério de Produção de Ratos do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRJ) já conta com 500 ratos da linhagem wistar para serem encomendados por pesquisadores de toda a universidade.

Segundo Marcelo Morales, professor associado do IBCCF, presidente da Comissão de Ética com Animais do CCS e coordenador do biotério, a ideia da UFRJ possuir um centro de produção de animais próprio foi motivada em razão de que "há quatro anos, todos os animais no Rio de Janeiro estavam contaminados. Não havia animais disponíveis no Estado que pudessem ser fornecidos e que fossem livres de contaminação. E qualquer contaminação interfere no experimento", destaca.

Diante deste panorama, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) foram construídos novos centros de produção. "Não tínhamos animais de qualidade disponíveis para atender as necessidades dos pesquisadores e isso comprometia em muito a produção científica no estado. Por iniciativa da comunidade científica juntamente com a FAPERJ, com os Editais Biotérios, foi possível iniciar a organização de biotérios de produção de animais, de forma mais  limpa e organizada. Aos poucos estamos mudando, mais é preciso muito investimento ainda para que possamos ter um desenvolvimento sustentável da ciência no Rio de Janeiro nas áreas biológicas", avalia o professor.

Na UFRJ há outros biotérios, no entanto, esse é o primeiro de produção – exclusivamente de ratos wistar, espécie mais utilizada na universidade –, que abastecerá os centros de pesquisa da universidade. "Iniciamos os trabalhos com 20 ratos, dez machos e dez fêmeas. Hoje, nós temos por volta de 500 animais e ainda estamos produzindo. Creio que até o final do ano alcançaremos a capacidade máxima de produção do biotério, 3 mil animais por mês, caso o investimento nos biotérios sejam mantido no Estado",  prevê o coordenador do centro.

Ética com animais

De acordo com Marcelo, a primeira preocupação da comissão é com o conforto dos ratos. Para tal, o biotério do CCS teve a iniciativa de trazer as matrizes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que possui o único biotério com certificado de garantia internacional.

“Esses animais não podem ter qualquer contaminação. Eles vieram de colônias da Unicamp, extremamente controladas e limpas. Chegaram sem qualquer patógeno, o que é importante, porque faz com que os pesquisadores que recebam os nossos ratos tenham a garantia da procedência deles. O conforto dos animais também passa pelo treinamento dos profissionais que atuam no biotério. E toda a manutenção dos ratos é feita nas melhores condições possíveis”, esclarece Marcelo Morales.

Encomenda dos ratos

Por enquanto, apenas unidades da UFRJ podem fazer encomenda ao Biotério de Produção de Ratos do CCS. “Elas só serão possíveis se o pesquisador tiver o protocolo aprovado por comissões de ética com animais”, enfatiza Morales. O pedido deve conter a quantidade, idade e sexo dos animais desejados e é realizado através do e-mail ratsccs@biof.ufrj.br. As entregas, com prazo de dois a quatro meses, são feitas por ordem de chegada dos pedidos. As primeiras já serão efetuadas na próxima semana.