• Edição 210
  • 25 de março de 2010

Notícias da Semana

Palestra sobre Eventos Adversos Pós-Vacinação contra o H1N1

Marlon Câmara

O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) realizou, na última terça-feira (23/03), uma palestra via videoconferência a respeito das estratégias de monitoramento dos Eventos Adversos Pós-Vacinação, chamados EAPV, referente à campanha de vacinação contra a Influenza Pandêmica (H1N1), iniciada no dia 8 de março com a vacinação de profissionais de saúde e indígenas e que iniciou no dia 22 a sua segunda fase, que visa a vacinar gestantes e doentes crônicos. 

Para ministrar a palestra foi convidada a representante da coordenação geral do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Sandra Maria Deotti Carvalho, que buscou principalmente enumerar os diferentes efeitos colaterais que a vacina pode acarretar e explicar a frequência de suas ocorrências.  

“Há necessidade de um monitoramento rigoroso dos EAPV, principalmente em alguns grupos de vacinação mais sensíveis, como o das gestantes, que sofreriam muito mais com os efeitos adversos”, explica Deotti. Na segunda etapa da vacinação, que envolve as grávidas, serão tomados cuidados especiais, como registro da vacinação no Cartão de Gestante e incentivo do Ministério da Saúde para que se vacinem gestantes em qualquer época de gravidez. 

Efeitos colaterais

Alguns dos principais EAPV enumerados pela palestrante foram dores, endemas, fadiga, cansaço, febre, vômito e muito mais raramente efeitos graves como anafilaxia, síndrome de Guillain-Barré e até mesmo óbito súbito. Os principais países que notificaram EAPV da H1N1 foram a Holanda, que aplicou doses de insulina ao invés da vacina da gripe, o Canadá, que registrou um número elevado de anafilaxia após a vacina, e os Estados Unidos, que notificou um grande número de EAPV leves. No Brasil, até o dia 22 de março, já haviam sido vacinadas cerca de 1.800.000 pessoas e somente foram notificados 74 casos de EAPV. 

Sandra Deotti atenta para o grave problema dos rumores, que dizem diversas atrocidades a respeito da vacina contra o H1N1 e diminuem o número de vacinados. “Estamos na luta para derrubar tais rumores para que preserve o sucesso da vacinação contra o H1N1 no Brasil”, diz a palestrante.


Bases dos transtornos psiquiátricos é tema de palestra no Hospital Universitário

Igor Soares Ribeiro

Foto: Agência UFRJ de Notícias
Palestra reuniu professores e alunos

Ocorreu, nesta quinta-feira, dia 25, a palestra “Bases dos transtornos psiquiátricos: mitos e realidades”, ministrada pelo psiquiatra Marco Antônio Alves Brasil, chefe do serviço de psiquiatria e psicologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ) e ex-presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria.

A palestra teve seu foco na influência da indústria farmacêutica, cada vez com mais lucros na venda de antidepressivos e psicóticos. O professor apontou a falta de investimentos no setor público como principal razão do sucesso de tais empresas: “Há pouco incentivo das instituições públicas, pouca participação do Estado na educação continuada”, afirma.

Segundo o profissional, a indústria farmacêutica tem capital suficiente para produção dos fármacos e para maior capacidade de pesquisa, porém os maiores gastos destas indústrias são com o marketing. Para o professor, isso foi a causa principal do consumo em massa de fármacos nos Estados Unidos: “de 1993 a 2003, o número de drogas lícitas aumentou 70%, enquanto a população aumentou somente 13%”, afirmou Marco Antônio.

Dentre as enfermidades para que as indústrias farmacêuticas concentram sua produção, o professor apontou a esquizofrenia e a depressão. Na primeira, há muitas dificuldades para criação de fármacos, pois cerca de 74% das pessoas abandonam o tratamento, impossibilitando assim qualquer conclusão sobre a doença. Já os medicamentos antidepressivos apresentam o problema da escolha arbitrária de pacientes, aliada à leviandade e à desonestidade de alguns profissionais da saúde, que prescrevem medicamentos de empresas que, em troca, oferecem congressos e palestras.

Para o psiquiatra, a indústria e a academia devem ter uma relação saudável para o desenvolvimento de novos fármacos: “Deve-se conciliar o lucro almejado pelas indústrias e a capacidade de ajudar pacientes das instituições públicas”, conclui.