• Edição 228
  • 12 de agosto de 2010

Notícias da Semana

Pesquisa de professores da UFRJ é publicada em revista internacional

Michelly Rosa

Recentemente, a revista ISME Journal, que faz parte do grupo de publicações da Nature, publicou a pesquisa sobre diversidade bacteriana da Antártica coordenada pelos pesquisadores Alexandre Rosado e Raquel Peixoto do Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes (IMPPG/UFRJ). 

A pesquisa, com o auxílio do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), partiu da análise de plantas vasculares (plantas com tecidos especializados para o transporte de água e seiva) coletadas durante estadia na Estação Antártica Comandante Feraz. 

Essa análise de milhares de sequências de DNA em laboratório na UFRJ, resultou na diferença entre o perfil de bactérias encontrado nas rizosferas de plantas vasculares (região onde o solo e as raízes das plantas entram em contato) na Antártica e em outros locais já estudados em todo o planeta. 

Além disso, os pesquisadores concluíram que as duas espécies de plantas vasculares que existem na Antártica apresentaram perfis bacterianos associados semelhantes entre si, indicando que as condições abióticas na Antártica constituem fator rigoroso na seleção da microbiota presente, mesmo os associados a organismos diferentes.  

De acordo com o professor Alexandre Rosado, isso mostra o quão único é esse ambiente, capaz de selecionar uma microbiota tão específica, e, dessa forma, como ele pode ser da mesma forma sensível a impactos. 

Publicação

Sobre a publicação na revista ISME Journal, o pesquisador revelou ao Olhar Vital que tal acontecimento significa o grande reconhecimento pela excelência da pesquisa e visibilidade ao trabalho do grupo de pesquisa brasileiro, principalmente devido ao fato de o trabalho ter sido selecionado como destaque na capa desta edição da revista. “Essa publicação representa uma grande contribuição dos pesquisadores brasileiros para a pesquisa no cenário mundial.” 

Saiba mais sobre a pesquisa.


Palestra sobre depressão e hipertensão no Hospital Universitário

Stephanie Tondo

Na última quarta-feira (11/08), tiveram início as atividades do Centro de Estudos Lúcia Spitz com a palestra “Depressão e Hipertensão Arterial”, ministrada pelos palestrantes Gil de Salles, doutor em Clínica Médica pela UFRJ, e Flávio Alheira, psiquiatra do Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF-UFRJ).

Gil de Salles iniciou a palestra com uma breve explicação sobre hipertensão resistente e a forma como a doença é diagnosticada e tratada pelos médicos. O palestrante definiu a hipertensão resistente, abordando algumas das características principais do doente, dentre elas a dificuldade de redução da pressão e a necessidade da utilização de quatro ou mais fármacos para seu controle.

O especialista alertou também para o alto índice de hipertensos atualmente no Brasil. Segundo o médico, “a hipertensão atinge hoje, em média, 30% da população adulta”. O perfil dos doentes identificados pelo professor é, em sua maioria, de obesos, idosos e mulheres. “As senhoras são mais propensas a adquirirem a hipertensão resistente, pois na pós-menopausa a resistência a alguns medicamentos para hipertensão diminui”, explica doutor Salles. O perfil do grupo de risco inclui também indivíduos diabéticos, sedentários e fumantes.

O professor afirma, ainda, que é necessário ao médico ter atenção e cuidado na hora de identificar a hipertensão resistente, pois há casos em que o paciente apresenta uma pressão muito alta no consultório e, no entanto, apresenta um quadro normal em sua rotina diária. Nesses casos, apesar de não ser hipertenso resistente, o paciente deve ficar atento, praticar exercícios e se alimentar de forma saudável, pois tem grandes chances de desenvolver hipertensão grave no futuro.

Para que o diagnóstico correto seja feito, Gil de Salles recomenda o método da Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (Mapa), que consiste na observação das variações tensionais do paciente durante determinado período, através de medidas programadas e indiretas da pressão arterial. Ou seja, descobre-se se o paciente está constantemente hipertenso ou se a hipertensão é ocasional, causada por alguma alteração emocional, por exemplo.

Após introduzir a questão, Gil de Salles passou a palavra a Flávio Alheira, que comentou a pesquisa realizada para sua tese de mestrado, que relaciona hipertensão com depressão. Em sua pesquisa, o psiquiatra analisou 100 pacientes, entre 37 e 91 anos, do Programa de Hipertensão Arterial (ProHArt) da UFRJ. O resultado mostrou que apenas 3% dos pacientes eram tanto depressivos como hipertensos, porcentagem menor que a observada em outros estudos sobre o mesmo tema.

Segundo o palestrante, essa questão é estudada desde o século XX e há divergências entre os pesquisadores. Alguns acreditam que a hipertensão pode causar depressão, outros acreditam que a depressão pode causar hipertensão e há, ainda, os que acreditam que não existe relação entre as duas doenças.