• Edição 213
  • 29 de abril de 2010

Por uma boa causa

O desenvolvimento da saúde coletiva e o SUS

Formação profissional e atividades de pesquisa e extensão foram impulsionadas com a criação do sistema de saúde

Thiago Etchatz


Nesta última edição da série Por uma boa causa em comemoração aos 90 anos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que analisa o desenvolvimento das áreas das ciências da saúde a partir da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), o Olhar Vital consultou a professora Kátia Regina Sanches, Diretora Adjunta de Extensão do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC/UFRJ). A história e missão do instituto estão diretamente relacionadas à criação do SUS, em 1988, tendo em vista a organização do sistema de saúde brasileiro orientada pela formação profissional e desenvolvimento de atividades de pesquisa e extensão. 

Tais prerrogativas constam na Lei 8080/90, que inclui entre as áreas de atuação do SUS a formação de recursos humanos na área da saúde. Princípio que, desde então, orienta projetos pedagógicos para formar profissionais a partir da multidisciplinaridade em direção a ações de recuperação, prevenção e promoção da saúde.  

Um ano antes de a lei entrar em vigor, diante dos debates sobre a organização do SUS, foi fundado em janeiro de 1989 o então Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva (NESC), órgão suplementar do Centro de Ciências da Saúde da UFRJ, que em 2006 viria a se tornar o atual IESC. Composto por uma equipe multidisciplinar de especialistas, o instituto se notabiliza pelas linhas e projetos de pesquisa vinculados à extensão e formação de recursos humanos para a rede pública de serviços de saúde na área da saúde coletiva. 

Em breve análise sobre a evolução das ciências da saúde, a diretora Kátia Sanches avalia que “após a implantação do SUS, as ciências da saúde tiveram uma aplicabilidade maior nas áreas de planejamento e epidemiologia, contribuindo para estudos de diversas patologias e objetivando medidas de vigilância e monitoramento de populações, assim como na gestão das unidades de saúde”.

Para a professora, de um modo geral, os principais impactos da atuação do Sistema Único de Saúde estão na universalidade do acesso ao atendimento médico, a criação de cursos de formação lato sensu e stricto sensu e a integração entre a universidade e os serviços de saúde. Além, de mais recentemente, a “criação de cursos de graduação em saúde coletiva, onde a UFRJ foi uma das pioneiras”, complementa.

A graduação em saúde coletiva tem por objetivo capacitar profissionais com habilidades diversificadas para analisar as condições de saúde da população e formular estratégias de ação nas diversas áreas da saúde coletiva. Uma função negligenciada anteriormente a estruturação do SUS e a Lei 8080/90. Durante os quatro anos do curso são contempladas disciplinas relacionadas às ciências biológicas, mas também a áreas como educação, informação e comunicação.

No âmbito da formação de recursos humanos para o sistema público de saúde, Kátia afirma que “o IESC sempre contribuiu para a formação dos técnicos do SUS. Desde a criação do NESC, em especial, no campo da saúde coletiva e mais recentemente na área de saúde ambiental”.  

Apesar de todo o avanço no âmbito da saúde coletiva, nas atividades de pesquisa, extensão e formação profissional, a diretora do IESC considera que “o principal mérito (do SUS) foi universalizar o atendimento, com características de integralidade”. Contudo, “é preciso ampliar a cobertura, com qualidade e resolutividade, articulando os diversos níveis de atendimento (primário, secundário e terciário)”, conclui Sanches.