• Edição 234
  • 23 de setembro de 2010

Por uma boa causa

O presente e o futuro dos gases do efeito estufa

Marlon Câmara

A série Por Uma Boa Causa sobre Impactos Ambientais aborda nessa edição um projeto desenvolvido para que sejam tomadas medidas de análise, controle e prevenção da emissão de gases estufa na atmosfera. 

O efeito estufa é um processo que ocorre quando parte da radiação solar é absorvida por determinados gases presentes na atmosfera. O excesso de tais gases, liberados principalmente por indústrias e veículos, é uma das causas do aquecimento global. Por esse motivo, as grandes cidades se tornaram um alvo comum de retenção desses gases e das conseqüentes mudanças climáticas provocadas por eles. Considerando isso, o Laboratório Interdisciplinar de Meio Ambiente (Lima), da Coppe-UFRJ, desenvolveu o "Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa da Cidade do Rio de Janeiro", com objetivo de identificar o perfil do município quanto à emissão de gases gerados pelas atividades socioeconômicas. 

“A elaboração de um inventário é fundamental para que se conheça o nível de emissões de gases de efeito estufa (GEE) e suas principais fontes. É um documento indispensável para a análise das questões relacionadas à intensificação do efeito estufa causado pelas atividades humanas e permite a identificação dos setores chaves para a adoção de ações e medidas”, explica Marcelo Buzzatti, pesquisador do Lima.  

De acordo com o documento, o setor de energia foi o maior emissor de gases de efeito estufa, com 64% das emissões, devido a queima de combustíveis fósseis no setor de transporte rodoviário, seguido pelo setor de resíduos, com 31%. Já em termos de gases de efeito estufa liberados na cidade, o estudo apresenta que o CO2 contribui com 67%, o CH4 com 31% e o N2O com 2% do total. Além disso, a gasolina aparece como a principal responsável (27%) por emissões de gases do setor de transporte em 2005, o que reflete a grande dependência do transporte individual no município, enquanto o modal ferroviário foi responsável pelo transporte de 20% dos passageiros na cidade, mas suas emissões representaram menos de 1% do total no setor. 

“A emissão de gases do efeitos estufa é produto de sistemas dinâmicos muitos complexos determinados por forças motrizes tais como desenvolvimento demográfico, desenvolvimento sócio-econômico e mudanças tecnológicas. Considerando que a metodologia do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas foi criada justamente para avaliar as emissões de gases, fica claro entender que a estrutura analisada pelo relatório (que inclui a análise dos setores de Energia, Processos Industriais, Agricultura e Resíduos) é a melhor representação dos principais emissores”, afirma o pesquisador. 

A publicação do inventário abre espaço para o desenvolvimento de ações que possam controlar a liberação desenfreada dos gases estufa, ainda que por ora somente na cidade do Rio de Janeiro, servindo como uma ferramenta para tentar mitigar o aquecimento global.