• Edição 243
  • 25 de novembro de 2010

Saúde em Foco

Bloqueado o hormônio da fome

Do O Globo Online

EUA - Cientistas podem ter descoberto um importante recurso para frear a epidemia de obesidade. Eles conseguiram desenvolver uma droga capaz de bloquear, em camundongos, a ação da grelina, o hormônio responsável pela sensação da fome, entre outras funções. O fármaco, ainda experimental, aumentou a tolerância dos roedores à glicose e desacelerou o ganho de peso, sem que fosse necessário reduzir o consumo de alimentos. O estudo, publicado na revista "Science", sugere que a droga afeta o metabolismo em vez do apetite.

A pesquisa, realizada nos Estados Unidos, abre um novo campo na luta contra o excesso de peso. De acordo com o o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse problema já atinge metade da população adulta do país, uma em cada três crianças (na faixa de 5 a 9 anos) e um quinto dos adolescentes.

Médicos já sabiam que níveis de grelina no sangue ficam mais baixos logo depois que a pessoa come e se elevam gradualmente durante o jejum. Eles também são mais elevados nas pessoas magras. Agora, um grupo de cientistas liderados por Brad Barnett, da Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, descobriu uma forma de interferir na ação desse hormônio da fome.

Para agir, a grelina depende da $ça de uma enzima chamada aciltransferasa-O-grelina (GOAT, na sigla em inglês). A equipe de Barnett criou o composto GO-CoA-Tat, que inibe a GOAT e, portanto, a grelina. A substância foi injetada em camundongos que receberam dietas ricas em gorduras. Resultado: os animais deixaram de ganhar peso.

Por enquanto, trata-se de um protocolo de pesquisa, e foi necessário aplicar várias injeções de GO-CoA-Tat nos roedores. Os autores ainda não sabem se conseguirão produzir um fármaco com essa ação específica. Mesmo assim estão otimistas.

Além da grelina, outro hormônio alvo de pesquisas atualmente é a leptina, produzido principalmente pelas células gordurosas e cujo nível no sangue é alto em obesos. Ele também age no controle do apetite e no gasto energético, mas tem ainda um papel na massa corporal, na reprodução, na formação de vasos, na imunidade, cicatrização e função cardiovascular.

No artigo na "Science", os pesquisadores afirmam que "o aumento persistente da proporção de indivíduos com excesso de peso na sociedade ocidental nas últimas três décadas está vinculado a um aumento substancial do número de mortes, e isto é um grave problema de saúde pública".

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