• Edição 257
  • 28 de abril de 2011

Por uma boa causa

Conjuntivite - A epidemia da vez.

Luana Severiano e Geralda Alves

A série Por uma Boa Causa desse mês chega ao fim falando sobre a conjuntivite – uma inflamação da membrana transparente que recobre o olho, a conjuntiva.  A doença foi constatada como epidemia na cidade de São Paulo. De acordo com o CCD (Centro de Controle de Doenças) da Coordenação de Vigilância em Saúde, somente na capital paulista, os serviços de saúde receberam mais de 50.405 notificações de conjuntivite viral, de 1º de fevereiro até 15 de março deste ano.

Já no Rio de Janeiro, houve um aumento dos casos e discute-se ainda se há uma epidemia ou não. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, na zona oeste da capital fluminense, houve, sim, um acréscimo no número de infectados, se comparado aos anos anteriores. Por sua vez, A Secretaria Estadual de Saúde informou que não há um surto de conjuntivite no Estado. Discussões a parte, o fato é que mais de mil casos já foram registrados em Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, em 2011.

Para evitar a contaminação, é recomendado lavar as mãos sempre antes de levá-las aos olhos. Uma vez infectado, o oftalmologista Luciano Gonçalves, fundador do Serviço de Oftalmologia do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG/UFRJ) e professor Adjunto de Oftalmologia da UFRJ, recomenda não coçar os olhos, para evitar que a doença se alastre para o outro olho, e lavar o rosto com frequência, aplicando nos olhos água boricada gelada com gases.

Além disso, o oftalmologista recomenda que objetos pessoais como toalha, travesseiro e maquiagem não sejam compartilhados. Andar em locais com grande circulação de pessoas e banho em piscinas também devem ser evitado. O Dr. Luciano Gonçalves alerta: “Apesar de pouco agressivo, o vírus é bastante contagioso”.   

As conjuntivites podem ser de ordem virótica, bacteriana, alérgica, fúngica e traumática. “Nas viróticas, a secreção é mais aquosa e provoca edema palpebral. Quase sempre se verifica gânglio pré-auricular. Nas bacterianas, entretanto, predomina secreção abundante (é comum acordar com o olho pregado, por exemplo), mas ambas são bastante contagiosas. As alérgicas, por outro lado, apresentam prurido intenso”, detalha o oftalmologista. As conjuntivites fúngicas e traumáticas são menos comuns e apresentam a forte vermelhidão como principal sintoma.

A fase aguda da inflamação dura, pelo menos, cinco dias e é fundamental que o paciente, além de afastar-se do trabalho ou da escola, utilize individualmente toalhas de rosto e lençóis. “Medidas de higiene são importantes para evitar a disseminação do agente infeccioso. Manter as mãos lavadas, passar álcool nas maçanetas, utilizar álcool gel nas mãos e utensílios descartáveis são algumas medidas eficazes”, diz o professor.


O maior alerta para casos de conjuntivite, segundo Luciano Gonçalves, é não seguir conselhos caseiros, nem de vizinhos. Há que se ter paciência, esperar o ciclo viral passar e, caso surja alguma complicação, procurar ajuda médica: um pediatra, para casos em crianças, ou um oftalmologista, para adultos.  O uso de bonés, óculos escuros e compressas geladas também é indicado, já que a luz incomoda a região sensível afetada e a dilatação dos vasos, própria da inflamação, causa a sensação de “areia ou corpo estranho” nos olhos.