• Edição 258
  • 05 de maio de 2011

Saúde e Prevenção

Cálculos biliares: fique atento ao histórico familiar

Renata Lima

A árvore genealógica e o histórico de doenças na família podem dizer muito sobre uma pessoa. Se você tem familiares próximos que já tiveram cálculos biliares, fique atento, pois a predisposição genética aumenta em duas vezes o risco de desenvolver a doença.

As pedras na vesícula são geradas por um desequilíbrio na concentração das substâncias que compõem a bile, como o colesterol e sais biliares. Quando o líquido biliar está mais espesso, seja por falta de água ou por excesso dos componentes da bile, pode acarretar na cristalização dessas substâncias, formando os cálculos biliares, ou pedras na vesícula.

“Há duas causas principais para a formação de cálculos biliares: aquelas que advêm da anemia falciforme e aquelas associadas ao excesso de colesterol”, afirma o hepatologista Alexandre Cerqueira, cirurgião em transplantes de fígado do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ).

A primeira, menos comum, é resultado do processo de metabolização de hemoglobina, que ocorre no fígado dos doentes. “Essa metabolização forma a bilirrubina, que posteriormente é excretada na bile. A alta quantidade de bilirrubina armazenada na vesícula acaba por se precipitar e formar os cálculos”, explica o especialista.

Já a segunda causa é maioria nos quadros clínicos. O aumento do nível de colesterol provém de uma série de fatores, como dieta rica em gorduras, vida sedentária e obesidade. Apesar de os casos relacionados a altos padrões de colesterol serem mais comuns, as duas causas envolvem também o quesito fator genético.

“Dependendo do tamanho dos cálculos, o paciente pode apresentar diferentes complicações. Se as pedras forem grandes, podem acarretar inflamação na vesícula, podendo agravar e causar ruptura. Ou, uma vez pequenas, podem migrar para o pâncreas, implicando uma pancreatite”, afirma Alexandre.

Segundo ele, a retirada do cálculo biliar é feito principalmente por colecistectomia, cirurgia que remove a vesícula biliar através de um tubo pequeno e fino com uma câmera na ponta. “Há também o uso de medicamentos para diluir o cálculo, mas esta via é pouco eficaz, optando-se na maioria dos casos pela intervenção cirúrgica”, completa.


Doenças ou hábitos de vida podem influenciar no equilíbrio da composição do líquido biliar, aumentando as chances de uma pessoa desenvolver cálculos na vesícula: diabetes, fumo, hipertensão e uso de alguns medicamentos como anticoncepcionais estão entre essas referências. Quando o assunto é a prevenção da doença, a atenção deve ser redobrada se houver histórico familiar de cálculos biliares.