• Edição 261
  • 26 de maio de 2011

Cidade Universitária

Casamento perfeito contra problema ambiental

Sidney Coutinho

A UFRJ e a Cruz Vermelha firmam até o fim de maio o convênio para dar destino as 137,5 mil toneladas de escombros da parte inativa do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) implodida há cinco meses. A operação orçada em R$ 8,5 milhões prevê a construção de uma usina de reciclagem do material para separar o ferro do entulho e transformar o material restante em agregados – areia, brita tipo três e bica corrida (material de granulação indefinida) – para emprego em pavimentação de estradas, preenchimento em vazios de construções e concretagem não estrutural.

De acordo com um dos coordenadores da Prefeitura da Cidade Universitária, Paulo Mario Ripper, e integrante da Comissão da UFRJ responsável pela implosão, o beneficiamento dos escombros no próprio local contou decisivamente para a Cruz Vermelha arrematar os 55 mil metros cúbicos de material. “Foi a maior implosão da América Latina e não havia área de despejo para todo o escombro. O projeto inicial era a UFRJ triturar o entulho e empregar em área de recalque da Cidade Universitária após retirar a vegetação”, disse.

Muitas empresas se interessaram pela retirada do entulho, mas todas queriam o material já beneficiado. “Os escombros de uma implosão se sobrepõem em camadas tal como um pão de forma. Ninguém queria despedaçar as lajes, queriam o material pronto. A única que se interessou em fazer diferente foi a Cruz Vermelha, que encontrou parceiros dispostos a ajudar a organização nos projetos de reaproveitamento do material”, explicou Ripper. Segundo ele, a intenção da entidade é reaproveitar o entulho para construção de centros de convivência para idosos na Região Serrana.

Da mesma forma que em dezembro houve uma preparação da área no entorno por causa das partículas em suspensão, a UFRJ estabeleceu que a mini usina de beneficiamento deverá ter um anteparo sonoro, pois a trituração do material ultrapassa 70 decibéis, e mecanismos de hidratação para que os resíduos fiquem sempre sedimentados. “O prazo previsto para retirada do material é de 180 dias ou seis meses. Se necessário, para evitar atrasos, mais de uma trituradora será instalada. A empresa que irá beneficiar os escombros trabalha hoje com os restos das obras do Maracanã”, disse Ripper, esclarecendo que no período é possível surgir pesquisas envolvendo a megaoperação inédita no país. “A UFRJ e a Cruz Vermelha realizam um casamento perfeito, no momento em que surgem novas leis por todo o país determinando a reutilização do entulho”, finalizou.