• Edição 261
  • 26 de maio de 2011

Saúde e Prevenção

Doenças respiratórias: como preveni-las?

Priscila Biancovilli e Michelly Rosa

Um vilão para as doenças respiratórias nessa fase do ano são o ar frio e seco. Os principais afetados são crianças, idosos, fumantes, pessoas que sofrem de diabetes, Aids e doenças graves como o câncer.

De acordo com os médicos, a melhor forma de evitar as doenças respiratórias é a prevenção e isso inclui vacina, alimentação saudável e cuidados com a higiene pessoal. Para esclarecer melhor sobre os perigos e prevenção dessas doenças, o Olhar Vital reedita  matéria das jornalistas Priscila Biancovilli e Michelly Rosa, publicada em seu boletim sobre o tema.

De acordo com Solange Rodrigues Valle, médica imunologista do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ), o aumento de aproximadamente 40% na frequência de doenças respiratórias se deve à falta de renovação do ar nos ambientes fechados em que as pessoas costumam permanecer nesta época.

Os vírus presentes no ar não só transmitem a gripe, por exemplo, como também potencializam os sintomas da alergia. O ácaro e a poeira, que se acumulam em ambientes fechados, são outros contribuintes no agravamento de crises alérgicas.

Para Solange, não  é difícil evitar problemas no inverno quando se atenta para simples cuidados: “Lavar as mãos, limpar bem o ambiente e manter a higiene pessoal são procedimentos de extrema importância na prevenção de infecções”. Ainda de acordo com a médica, os alérgicos devem atentar para outros cuidados: não varrer o chão durante a limpeza, passando apenas pano úmido além de não usar roupas de lã e preferir edredons a mantas.

As doenças mais recorrentes do inverno são: gripe, resfriado, rinite alérgica e asma. As duas primeiras, causadas por vírus, são altamente contagiosas, já  a rinite alérgica e a asma são doenças normalmente hereditárias, não contagiosas, mas que se potencializam em locais fechados, pela maior concentração de poeira, ácaro e mofo.       

Gripes X resfriados

- Lamentavelmente, as infecções virais produzem o contágio no período em que a pessoa ainda está assintomática, ou seja, não apresenta os sintomas da doença -, explica Ronaldo Nascente, médico pneumologista do HUCFF. Nessas situações, a transmissão do vírus acontece pela respiração normal (mesmo sem tosse ou espirros), ou pelo aperto de mão. “Por isso é importante lavar sempre as mãos, a todo momento”, recomenda.

Os vírus que causam gripe e resfriado são diferentes. “Mais de cento e cinco vírus podem causar resfriados, e eles ainda assim sofrem mutações com o tempo. Por isso, durante a vida temos essa doença diversas vezes, pois não conseguimos desenvolver uma imunidade definitiva. A gripe é causada por vírus da família do influenza, que sofrem mutações genéticas a cada ano. Nos dois casos, as manifestações da doença acontecem repetidas vezes durante a vida, pois o organismo nunca terá anticorpos que combatam todas as diferentes mutações dos vírus”, esclarece Ronaldo. Enquanto as infecções virais da infância, como catapora, caxumba e rubéola, dificilmente se repetem, isto não acontece com os vírus destas doenças.

Complicações e prevenção

- Em alguns casos apenas, a gripe pode evoluir para uma broncopneumonia, ou para um quadro neurológico de encefalite, que é a inflamação do tecido nervoso central pelo vírus -, explica Ronaldo. Esta doença pode causar dor de cabeça, coma, alteração do comportamento ou mesmo deixar alguma seqüela auditiva, visual. Estas complicações, no entanto, são raras.

As doenças virais normalmente não possuem um tratamento específico. A doença faz o seu ciclo no organismo e a pessoa se cura espontaneamente. “No caso do vírus influenza, a procura por assistência médica nas primeiras 48 horas das manifestações clínicas pode minimizar os sintomas da gripe e encurtar em 50% o tempo de duração da doença”, afirma o doutor.

Em relação ao uso de cápsulas ou comprimidos efervescentes de vitamina C para combater estas doenças, o professor alerta: “Os benefícios da vitamina C na proteção do organismo contra resfriados ou gripe são uma lenda. Não existe nenhum trabalho científico que comprove sua eficiência, seja na diminuição dos sintomas, seja no encurtamento das gripes e resfriados”, finaliza.



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