• Edição 266
  • 4 de agosto de 2011

Notícias da Semana

5ª Escola de Nanociência e Nanotecnologia da UFRJ

Déborah Araújo

A 5ª Escola de Nanociência e Nanotecnologia da UFRJ, com o slogan “Inovações, Saúde, Meio Ambiente e Petróleo”, que começou no dia 1º e vai até o dia 5 de agosto, está sendo realizada no Auditório Roxinho e em laboratórios do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN/UFRJ).  Coordenada pela professora Anna Paola Pierucci, da Escola de Química, essa edição do evento aborda os seguintes temas: Nanobiomateriais, Nanotecnologia e Meio Ambiente, Inovações em Nanotecnologia Nanotecnologia na Saúde e Nanotecnologia na Indústria do Petróleo.

A Aula Magna: Nanotecnologia e Meio Ambiente, foi proferida pela professora Ana Maria Rocco que deu iniciou a programação da manhã de terça-feira (2/8). “Possuindo uma infinidade de aplicações e possibilidades, na Nanotecnologia uma das inovações que se destaca é a produção de materiais para controle microbiano, como o tratamento de água e resíduos. Entretanto, a produção e a comercialização em larga escala desses materiais demandam toneladas de nanotubos de carbono (CNT, do inglês carbon nanotube), que são estruturas cilíndricas feitas quimicamente em ‘folhas’ monoatômicas de grafite (sim, praticamente as mesmas usadas nos lápis)”, explicou a professora.

Segundo ela, até o início de 2008, o Brasil se encontrava entre os 25 principais países produtores de nanotecnologia (tendo começado a avançar nessa área já entre 2000 e 2002), como células solares, LEDS e células acombustíveis, alcançando até posições bem altas nas suas principais áreas, Nanoenergia (uma área estratégica para o país) e Nanoambiente. Ainda assim, é preciso superar problemas de processamento para aumentar a produção de nanotubos e de “mais engenheiros de todas as áreas participando desse processo”, como afirma Ana Rocco.

Materiais biodegradáveis: uma alternativa mais barata e limpa

Apesar de toda a conscientização em prol da reciclagem, o consumo intenso de plásticos, advindos em sua maioria do petróleo, segundo a professora Renata Antoun Simões, da Coppe/PEMM (Programa de Engenharia Metalúrgica e de Material), é um dos maiores problemas do mundo atualmente. Além de demorar centenas de anos para se decompor, esse plástico deixa pedaços extremamente pequenos no solo, conforme a degradação, que geram muitos danos ao meio ambiente.

Diante disso, foram criados vários projetos de lei, em âmbito municipal ou estadual, proibindo o uso das sacolas plásticas. Seguindo essa linha, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) apresentou em junho o PLS 322/11, projeto que impede - em todo o país - a utilização, a fabricação, a importação, a comercialização e a distribuição de sacolas plásticas feitas a partir de polietileno, propileno ou polipropileno.

Renata  Simões também deu o exemplo de uma empresa, que produz cerca de 300 mil embalagens por mês de plásticos comerciais compostos de amido de mandioca puro e cuja degradação leva cerca de 60 dias. Estes compostos feitos a partir de amido como uma alternativa mais viável e mais limpa do que usar gases para fazer plásticos, por exemplo, como o CF6. “Esse gás, apesar de não ser tóxico, durante o processo de produção de plástico gera o gás CF4, que é altamente tóxico, o que torna inviável que esse tipo de plástico seja comercializado no mercado internacional”, esclarece Renata.

A produção do plástico com filme de amido, que é praticamente um “mingau de maisena” depois de seco, pode ser feita a partir de resíduos da indústria alimentícia, o que evita que esse material seja um concorrente com a mesma e aumente o preço dos alimentos. Ao contrário, esse tipo de produção pode evitar o desperdício dos alimentos dentro da indústria, e os resíduos já vêm também com fibra, que é usada como propriedade mecânica para fazer o plástico comercial.

Segundo Renata, outro desafio quanto à produção desse plástico é que o filme de amido é hidrofóbico, ou seja, é muito suscetível a água. Por exemplo, os plásticos em que não se podiam colocar carne uma vez que aguentavam muito pouco a umidade. Para resolver esse problema, a ideia é fazer uma mudança superficial que garanta uma rugosidade no plástico que não deixe passar as gotas de água. “Mas esse ainda é um processo em andamento”, completa a professora.

“Muitas pessoas podem achar que o custo/benefício do processo de produção de biodegradáveis não vale mais a pena do que reciclar o plástico comum, uma vez que o Brasil é 2º maior país na reciclagem de PET. Porém, internacionalmente, a reciclagem gera altos custos para as próprias empresas que fabricam o material, tornando os plásticos biodegradáveis mais viáveis economicamente, além de serem ecologicamente sustentáveis”, conclui Renata.