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Edição 184
13 de agosto de 2009
O trabalho realizado em um laboratório de saúde requer diversos cuidados e domínio de muitas técnicas. Cada detalhe pode ser crucial e fazer total diferença para que a segurança de todos esteja garantida. Nesse processo, técnicos e auxiliares desempenham papéis fundamentais: podem evitar acidentes e contribuir para o melhor rendimento das pesquisas.
“É preciso que estes profissionais reconheçam que existem erros nos laboratórios, para que, através de sua capacitação, possam propor mudanças”, afirma Dennys Monteiro Girão, microbiologista do Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góis (IMPPG) da UFRJ.
Às vezes, ações que não dependem de recursos resolvem numerosos problemas relacionados à biossegurança. “Extintores de incêndio fora de visibilidade representam um grande risco, pois são equipamentos de segurança. Isso pode ser rapidamente resolvido: basta mudar a posição de móveis e instrumentos de forma que o acesso aos extintores fique facilitado. O gasto é zero, é preciso apenas que se tenha visão do problema e boa vontade”, exemplifica Dennys.
É fundamental que equipamentos e vidrarias sejam utilizados de forma adequada. “Um dos problemas graves envolvendo biossegurança por exposição de agentes biológicos é a centrifugação com balanças desequilibradas. Os tubos inseridos no aparelho podem quebrar, expondo o material ali contido, que pode ser sangue contaminado por hepatite, Aids ou qualquer outra patologia infectocontagiosa”, informa Girão.
A ação corretiva nesse caso é extremamente simples: basta equilibrar os tubos para centrifugação. “Quem não toma este cuidado está expondo a si e à coletividade”, aponta o microbiologista. Outra medida importante é verificar se os tubos estão devidamente fechados. “Com tais conceitos é possível resolver de forma muito simples questões que podem implicar uma perda de qualidade, seja de serviço ou de saúde”, ressalta o especialista.
Dentro de um laboratório, são manipuladas substâncias que geram vapor, como ácido clorídrico. Os sistemas de exaustão são utilizados para que esse ar poluído não fique concentrado nas salas. “Mas se o sistema for ineficiente, ou seja, só contemplar a saída pela janela, vai projetar o ar para janelas de salas localizadas acima do laboratório. E o próprio grupo de pesquisa pode ficar exposto também, pois o vapor será captado pelo ar-condicionado e voltará à sala”, indica Dennys.
Segundo Girão, é preciso que o sistema de exaustão esteja corretamente projetado e instalado, fazendo com que o duto saia do laboratório e vá ao topo do prédio, para ser liberado acima da última janela. Só assim o equipamento estará sendo utilizado de maneira eficaz, sem prejudicar vizinhos ou mesmo a própria equipe.
Outro problema de biossegurança se encontra nos resíduos retirados de laboratórios e biotérios. “Muitas vezes eles ficam expostos nos corredores. Apesar de estarem em sacos padronizados, identificados com selo de material infectocontagioso, alguém pode acidentalmente esbarrar neles. A forma de resolver o problema seria levar os sacos a um recipiente próximo para serem recolhidos”, propõe o microbiologista.
“São pequenas observações que podemos fazer para mudar qualitativamente o dia a dia. É preciso discutir sobre as atividades corriqueiras que desenvolvemos no nosso ambiente profissional. É necessário mudar condutas individuais para que se tenha um ganho bastante significativo”, constata Dennys.
No entanto, o especialista acredita que a motivação é ingrediente fundamental para que o conhecimento seja transformado em ações: “Não basta capacitação para um serviço, é preciso que o profissional esteja motivado para que se torne mais atuante, planejando ações que resultem numa melhoria da qualidade do trabalho”.
Curso de Aperfeiçoamento
Para que técnicos e auxiliares possam ter acesso a informações como as fornecidas e outras, será oferecido o Curso de Aperfeiçoamento em Laboratório de Saúde, ministrado por Dennys Girão. Trata-se do primeiro curso programado pela Coordenação de Desenvolvimento Profissional (CODEP) de conteúdo voltado para a área de laboratório.
O curso é dividido em três módulos. Os dois primeiros são introdutórios e compõem carga horária de 90 horas; serão ministrados de 25/08 a 24/09 e 29/09 a 29/10. O terceiro, “Caracterização de Enteropatógenos Bacterianos”, é opcional, com duração de 60 horas, e ainda aguarda definição de data.
São oferecidas 14 vagas para servidores e prestadores de serviço da UFRJ de níveis médio e superior. As aulas acontecem terças e quintas, das 9h às 12h, e às quartas, das 13h às 15h, no bloco D do Centro de Ciências da Saúde (CCS), 1º andar, Laboratório D 044. As inscrições estão abertas até 20 de agosto e podem ser feitas na sala 822 do prédio da Reitoria, na avenida Pedro Calmon, 550, Cidade Universitária. Os telefones para contato são 2598-1845 e 2598-1846.
“Formulamos um curso em módulos, em que três já estão aprovados e agendados. Mas temos a ideia de expandir esses módulos a partir deste lançamento e oferecer outros cursos, como Microscopia e Fotodocumentação Científica. Pretendemos contemplar uma diversidade maior, porque nossa experiência profissional é na área de microbiologia. Estamos abertos à criação de módulos que possam englobar outros segmentos destinados a profissionais de laboratório”, conclui o microbiologista.