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Edição 195
29 de outubro de 2009

Saúde e Prevenção

Feridas cirúrgicas: uma porta de entrada para complicações

Infecções ocasionadas no centro cirúrgico são as principais vilãs

Thiago Etchatz

As feridas provocadas por cortes na superfície da pele em razão de procedimento cirúrgicos requerem atenção especial por parte dos pacientes recém-operados. Comumente, elas são a porta de entrada para inúmeras infecções hospitalares que acometem tais pacientes, já fragilizados devido à baixa imunidade do organismo em reabilitação, com destaque para a infecção do sítio cirúrgico (ISC).

De acordo com Elen Martins da Silva Castelo Branco e Maria Luiza de Oliveira Teixeira, doutoras em Enfermagem e professoras do Departamento de Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) da UFRJ, estima-se a ocorrência da ISC em 11% das cirurgias no Brasil.

“A ISC tem se apresentado como um importante problema de saúde em nosso país e dados estatísticos indicam que ela é a terceira ocorrência adversa mais frequente dentre as infecções hospitalares”, constata a professora Elen.

Segundo as enfermeiras, além das infecções, as principais complicações relacionadas ao procedimento cirúrgico são: a hemorragia resultante do rompimento dos vasos sanguíneos, a separação das camadas superficiais (da pele) ou profundas (da fáscia muscular) da ferida cirúrgica associada ou não à infecção, a evisceração (exposição das vísceras abdominais) e as fístulas.

A feitura dos curativos é fundamental para a assepsia da ferida e, por conseguinte, essencial para a prevenção de infecções e o controle microbiano. “A manutenção das condições ideais de temperatura e umidade no leito da lesão é medida fundamental para o êxito do processo de cicatrização primária completa”, esclarece Castelo Branco.

Em razão do envelhecimento da pele, ela se torna mais fina, menos flexível e a população das células que reparam os tecidos diminui, resultando numa cicatrização mais lenta. Este processo está relacionado a fatores locais e sistêmicos.

“Cirurgias localizadas em áreas com menor suprimento sanguíneo, baixa perfusão tecidual e maior força tensil na área de sutura estão mais vulneráveis a complicações (joelhos, pés, cotovelos). Os fatores sistêmicos são a idade, o estado nutricional, as doenças crônicas como o diabetes e o uso de medicamentos que deprimem as respostas imunológicas, entre outros. O tempo cirúrgico prolongado também é de suma importância (para a cicatrização)”, analisa a professora Elen.

Para sanar as complicações em função das feridas cirúrgicas, vêm se desenvolvendo estudos voltados para a “análise e interpretação dos indicadores epidemiológicos da ISC, eliminação dos fatores desfavoráveis que interferem e retardam a cicatrização primária e pesquisa de produtos, materiais e técnicas adequados para o tratamento de feridas”, conclui Elen Castelo Branco.

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