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Edição 190
24 de setembro de 2009
A celebração dos 40 anos do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ, completados no dia 4 de setembro, aconteceu nesta segunda-feira (21/9), em uma Sessão Especial do Conselho de Coordenação do Centro. A comunidade acadêmica compareceu em peso ao auditório Rodolpho Paulo Rocco para prestigiar a conferência do professor Antonio Paes de Carvalho, que acompanhou a criação do CCS e grande parte de seu desenvolvimento.
O professor recuperou momentos importantes do Centro por um discurso traçado em retrospectiva histórica. Para ele, a trajetória do CCS é constituída por quatro décadas de amadurecimento de ideias. Antonio Paes de Carvalho destacou o lema do cientista Carlos Chagas Filho, de quem se considera discípulo: “a universidade ensina porque pesquisa”.
O conferencista lembrou que havia preconceito em relação a pesquisas científicas que não fossem diretamente relacionadas à Medicina. O fim desta mentalidade, incentivado por Carlos Chagas Filho, representou um dos grandes passos para o desenvolvimento e foi crucial para que o CCS alcançasse seu nível de excelência.
Antonio Paes de Carvalho frisou que o CCS é fruto de uma reforma imposta durante a ditadura militar, que transformou a estrutura das universidades no Brasil. Tornou-se obrigatória a organização em centros e os cursos de graduação precisavam ter ciclo básico de disciplinas. “Com a medida, houve uma quebra da hierarquia dentro da universidade. Jovens professores adjuntos revolucionaram o planjamento da reforma”, apontou. Ele se referia ao fato de que docentes em início de carreira passaram a ter liberdade para ocupar cargos de chefia, caso fossem aptos, para trazer novas ideias e reciclar o ensino. “Isso fez com que meditássemos sobre a hierarquia do saber. Eu mesmo, quando passei de adjunto a titular, senti um vazio de poder”, brincou.
O palestrante ressaltou a importância da inauguração do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), em 1978, e a instalação de outras unidades hospitalares. Ainda apontou a criação do pólo técnológico Bio-Rio, fundação que une diversas instituições com a ideia de prospecção tecnológica. No entanto, em relação à integração entre universidade e empresa, proposta da Bio-Rio, o professor questiona se o CCS é bem atendido. Ele acredita que uma desarticulação entre os setores esteja impedindo que o pólo tecnológico seja plenamente aproveitado por alunos e profissionais do Centro.
Finalizando a apresentação, Antonio Paes de Carvalho prestou sua homenagem aos profissionais que construíram a história do CCS. “Por 40 anos vi passarem pelo Centro decanos e diretores que atuaram de forma magnífica. Tenho certeza de que nada menos do que um futuro brilhante aguarda o CCS. É isso que desejo”, conclui.
Em continuidade à celebração, os ex-decanos foram homenageados com uma placa. Almir Fraga Valladares, atual decano do CCS, e Sylvia Vargas, reitora em exercício, conduziram a cerimônia. Houve ainda a apresentação das novas marca-símbolo e página do CCS, que ficou a cargo de Diana Maul, coordenadora de Extensão do Centro e Tatiana Damianni, publicitária da Coordenadoria de Comunicação (CoordCom) da UFRJ.
Começou no dia 21 de setembro mais uma Semana de Microbiologia e Imunologia. A décima quinta edição do evento tem o apoio do Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes (IMPPG) e foi idealizado e realizado pelos alunos do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas, Microbiologia e Imunologia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A semana surgiu com o objetivo de integrar estudantes da área biomédica de todo o país e de divulgar o Curso de Microbiologia e Imunologia, ainda pouco conhecido em muitas universidades.
Muitas pessoas, entre alunos, palestrantes e organizadores, participaram da mesa de abertura da semana, no Auditório Nobre do IMPPG. Estiveram presentes Agnes Figueiredo, diretora do IMPPG, André Santos, professor e coordenador do Curso de graduação em Microbiologia e Imunologia, entre outros. Destacou-se a importância e o orgulho em realizar mais uma semana totalmente organizada pelos alunos do curso e que se sustenta há vários anos, possibilitando a divulgação de novos trabalhos, das técnicas e das ideias nessa área.
A palestra de abertura debateu o tema “Sinalização química entre bactérias e o hospedeiro” e foi ministrada pela doutora Vanessa Sperandio, da Universidade do Texas. A palestrante procurou ressaltar a importância de estudar a Microbiologia e a Imunologia, diante do fato que o ser humano possui 10¹³ células no corpo, porém, especificada somente a flora bacteriana gastro-intestinal, há dez vezes mais células bacterianas. Portanto, há a necessidade de lembrar que o corpo humano é um grande criadouro para bactérias.
Cada vez mais se fala de nutrição e de hábitos alimentares, e para incentivar esse debate mantendo o foco nas gestantes, a Maternidade-Escola da UFRJ promove o I Simpósio Nacional de Atenção Integral à Saúde Materno-Infantil juntamente ao VII Encontro da Nutrição, nesta quinta-feira (24/9), no campus da Praia Vermelha.
Em relação à geração passada o quadro alimentício e de integração entre medicina e nutrição passou por diversas mudanças. Com todos os benefícios que essa transformação gerou, é preciso destacar a importância de uma alimentação saudável e balanceada durante a gestação, como aponta a professora e doutora Claudia Saunders, uma das coordenadoras do encontro. “A assistência do pré-natal com um nutricionista diminui os riscos para a mãe e cria melhores condições para as crianças que estão por vir”, disse.
Segundo Saunders, um grande problema da saúde materno-infantil hoje em dia é a inadequação do ganho de peso por que passam as gestantes, que, sem uma dieta adequada, muitas vezes são vítimas de anemias e da deficiência de vitamina A.
Outro fator importante a ser discutido é a gravidez na adolescência, apontada pela doutora como freqüente e que ainda, por ser precoce, geralmente vem acompanhada da carência de informações. O que caracteriza uma das situações em que mais se precisa focar quando se fala em integrar a comunidade ao processo de tratamento e de acompanhamento de casos.
Medicina menos tecnicista
Ao observar o trajeto da relação entre pacientes e médicos, a professora e doutora Márcia Melquior citou a importância da carta de Ottawa (www.opas.org.br), divulgada em 1986, para o avanço do olhar dos médicos para os doentes, e não só para as doenças, durante o tratamento.
Tentando fugir do “tecnicismo” a que os profissionais estavam acostumados, a carta propõe uma maior integração entre as várias áreas que são determinantes para a medicina, como a ecologia, o saneamento e a educação, dentre outras. Além de incentivar a capacitação da comunidade para que tenha consciência de si própria. “A saúde é um dever de todos, para o direito de todos”, complementou Márcia.
O encontro tem abertura no dia 24/9 e continua no dia 25/9, das 9h às 17h, no salão Pedro Calmon, do campus da Praia Vermelha, da UFRJ – av. Pasteur, 250, Urca. Mais informações podem ser encontradas pelo telefone 2285-7935, ramal 260.