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Edição 191
01 de outubro de 2009
Achar alternativas para preservar os peixes que vivem em áreas com a presença de hidrelétricas e fazer com que a geração de energia e o ecossistema possam conviver harmonicamente. Esses são alguns dos objetivos dos projetos “Preservação da Ictiofauna dos rios barasileiros” e “Espécies de peixes migradores”, do Laboratório de Ecologia de Comunidades da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), coordenado por Ricardo Iglesias, em conjunto com outros Laboratórios de Ecologia coordenados por Erica Caramaschi, da UFRJ, e Rosana Mazzoni, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
O Brasil possui a maior biodiversidade de peixes do mundo, principalmente na Bacia Amazônica. Ao mesmo tempo, o país vem crescendo economicamente, com isso, tornou-se necessário gerar soluções alternativas para a produção de energia não poluente, que não emita gás carbônico ou qualquer outro tipo de poluidores no ar, a chamada “energia limpa”. Um dos tipos dessa energia é a produzida pelas hidrelétricas e para a construção delas é preciso que se faça uma barragem, uma barreira artificial feita em cursos de água para a retenção de grandes quantidades de água. A partir disso, cria-se uma grande dificuldade na migração dos peixes, que precisam subir os rios para se reproduzir.
“As alternativas que vem sendo usadas até hoje para ajudar o movimento migratório, como o sistema de escada para a transposição dos peixes, não atuam de maneira eficaz. Quando os peixes sobem as escadas, além do traumatismo que pode ocorrer, ao chegar ao reservatório de água, ele se desorienta e não consegue reproduzir”, explica Ricardo Iglesias.
Diante desses problemas, os projetos pretendem determinar um tamanho mínimo da bacia hidrográfica para que os peixes consigam se reproduzir, sobreviver e não desaparecer. O trabalho está sendo realizado no reservatório de Serra da Mesa, no Rio Tocantins, que faz parte da Bacia Amazônica. As espécies que vivem no reservatório são monitoradas e coletadas regularmente, para a verificação do tipo de alimento que os peixes estão comendo, a confirmação do local e do ato reprodução dos peixes, além da localização de onde os peixes estão desovando. A partir dessas informações é possível determinar a área necessária para que a hidrelétrica possam ser construídas sem prejudicar o ecossistema.
Os resultados observados até agora apontam para o fato de que, como acima desse reservatório há a presença de uma bacia hidrográfica muito grande, os peixes migradores conseguem se alimentar no reservatório, subir o rio e se reproduzir. “Observa-se, então, que mantendo intacta uma parte determinada da bacia hidrográfica, os peixes conseguem se alimentar e sobreviver juntamente com a presença de hidroelétricas”, esclarece o coordenador do projeto.