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Edição 202
17 de dezembro de 2009
As varizes se formam quando as veias são dilatadas além da capacidade, ficando inchadas e perdendo assim a competência de fazer fluir o sangue normalmente. Elas podem trazer complicações que vão desde a hiperpigmentação da pele até a trombose. Para nos explicar melhor os sintomas e tratamentos, convidamos Rafael Belham Steffan, residente de cirurgia vascular do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF).
O médico explica que o problema pode ocorrer em qualquer veia, independentemente do calibre. É fruto principalmente de uma sobrecarga de volume de sangue no local, graças a um mau funcionamento do retorno venoso. Em outras palavras, especialmente nos membros inferiores, o sangue desce pela artéria com facilidade, mas ao voltar pelas veias tem que vencer a gravidade. No entanto, como as paredes são mais finas, ocorre uma dilatação, que impede que as válvulas bombeiem o sangue, e ele se acumula no local.
As mulheres costumam ser mais afetadas, já que o hormônio progesterona aumenta a distensão e a permeabilidade dos vasos. Na gestação, inclusive, pode haver maior ocorrência de varizes, mas que muitas vezes regridem nos três primeiros meses pós-parto.
Os principais sintomas do problema são dor, sensação de peso e queimação. Nos casos mais graves, podem ocorrer sangramentos e úlceras. O paciente normalmente faz o diagnóstico em casa, antes mesmo de procurar o médico, já que normalmente as varizes são visíveis. “Elas podem ser desde o que as pessoas chamam de ‘aranhas vasculares’, aqueles vasinhos bem fininhos, até aquelas varizes que todo mundo conhece, que são aqueles cordões venosos mais grossos, principalmente da veia safena”, explica o médico.
Os métodos de tratamento variam de acordo com a representação clínica do problema. A escleroterapia, por exemplo, é indicada aos vasos mais finos, muitas vezes por uma questão estética, já que, como nos diz Steffan, “é comum que em mulheres entre 30 e 50 anos apareçam vasinhos”. O que o tratamento faz é injetar uma substância que “seca” o vaso, destruindo uma camada interna e o fechando. Há também a possibilidade de destruir o vaso com um processo a laser. Já para as veias de maior calibre, como a safena, esse método não é indicado, podendo haver necessidade de cirurgia que remova o vaso afetado.
O tabagismo e o sobrepeso aumentam a propensão ao problema. Algumas ocupações necessitam que a pessoa fique muito tempo em pé, dificultando a circulação. Assim, é importante a contração muscular da panturrilha, que funciona como uma bomba para auxiliar o sangue das pernas a fluir. Por isso, o médico recomenda evitar ficar muito tempo parado e usar meias elásticas, que ajudam na contenção das veias. “Se a pessoa tem observado que fica com a perna inchada, e se o médico diagnosticou um problema vascular, costuma-se recomendar que a altura do pé da cama seja ligeiramente elevada, para ajudar a circulação”, conclui o cirurgião.