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Edição 194
22 de outubro de 2009
Tosse comprida e sintomas iguais aos de uma gripe que se prolonga por muito tempo? É hora de ter atenção. Muitas pessoas podem ter coqueluche e não saberem, por acharem que é uma tosse normal, como a de uma gripe. É o que alerta o doutor Edmilson Migowski, pediatra e infectologista do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG).
A coqueluche é uma doença infecciosa aguda, causada pela bactéria Bordetella pertussis e que apresenta rápida proliferação. Ao penetrar no organismo, a bactéria lesa os tecidos da mucosa do aparelho respiratório.
Segundo Edmilson Migowski, muitas pessoas apresentam o quadro da coqueluche, mas não sabem que têm. Vinte e cinco por cento das que tossem durante mais de duas semanas representam casos prováveis da doença, que é muito frequente e facilmente confundida com sinusite e alergias.
Sintomas
A principal característica da coqueluche é a presença da tosse forte e prolongada. Nos primeiros dias, os sintomas são semelhantes aos de uma gripe, com febre, tosse leve, coriza e olhos avermelhados. Por isso, nos adultos, a doença pode passar despercebida, geralmente com tosse seca, que se mantém por alguns meses, mas capaz de ser transmitida para outras pessoas, inclusive bebês, que podem desenvolver um quadro pior.
Mais tarde, quando esses sintomas comuns à gripe desaparecem, surge a tosse típica da doença, caracterizada por uma crise de tosse, em que o doente não consegue tomar fôlego. O quadro clínico é mais grave nos primeiros meses de vida, quando a resistência da criança é menor e as crises, provocando diminuição da oxigenação do organismo, podem trazer consequências sérias.
O tratamento
“A vacina é a melhor forma de prevenção”, diz Migowski. Ela deve ser aplicada em três doses no primeiro ano de vida e dois reforços, entre os 15 e 18 meses e entre os 4 e 6 anos.
A vacina protege por cerca de 10 anos e, por isso, se fazem necessários os reforços na adolescência e idade adulta.
“A coqueluche é uma doença bem controlada no Brasil e não há mais casos como antigamente, em função da vacina criada e aplicada em crianças. Porém, as vacinas não protegem as pessoas pelo resto da vida, ficando estas, mais tarde, suscetíveis à contaminação e ploriferação da doença. Do ponto de vista prático, se faz necessária a aplicação das vacinas também nos adultos e adolescentes, o que está disponível atualmente, mas só nas instituições privadas”, relata Edmilson Migowski.