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Edição 205
11 de fevereiro de 2010
No Carnaval, o produto que mais vemos sendo vendido é a cerveja. O consumo de bebidas alcoólicas nesta época do ano aumenta, e é comum que pessoas pequem pelo excesso. Mas o que fazer quando acordamos com a conhecida ressaca? O Olhar Vital conversou com a professora Valeria Bender Bráulio, nutróloga do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), para entender melhor o que causa esse mal-estar.
“A ressaca acontece quando se consome álcool em maior quantidade que o organismo consegue metabolizar”, explica a professora, ressaltando que a absorção, que começa no estômago, é diferente entre homens e mulheres. “Os homens têm uma barreira de 40% a mais que a mulher já no estomago, onde existem enzimas que quebram o etanol. Ou seja, se um homem toma dois copos de cerveja, a mulher só deve tomar um.”
Segundo a nutróloga, o processo de ressaca começa na própria ingestão do álcool, já que o etanol inibe o hormônio antidiurético e provoca elevação do volume urinário. Ao urinar mais, a pessoa acaba desidratada. Além disso, o etanol é transformado por enzimas no composto acetaldeído, que provoca a vasodilatação. Assim, somando essas duas ações, quem bebeu demais acaba com dor de cabeça.
Mas os efeitos não acabam aí. O etanol, muito abrasivo, causa pequenas erosões nas paredes do estômago. Assim, forma-se a gastrite aguda, que misturada com a toxicidade do acetaldeído resulta em mal-estar gástrico e enjoos.
Outro efeito que o etanol tem é o de inibir a gliconeogênese, ou seja, a formação de glicose no fígado. Portanto, a ingestão de álcool pode causar hipoglicemia, resultando na necessidade de “tomar glicose” nos hospitais.
A professora Valéria explica que para evitar a ressaca, em primeiro lugar, deve-se beber com moderação. “Também não se pode beber de estômago vazio, para que o álcool tenha tempo de ser metabolizado pelo organismo.” Ela diz que a comida no estômago faz com que a absorção seja mais lenta, além de dar material para formação da enzima que transforma o acetaldeído em acetato, composto que não é tóxico e é absorvido pelo organismo em forma de gordura. Por isso, a nutróloga alerta que álcool em excesso pode resultar também naquela “barriguinha”.
Já para evitar a desidratação, é necessária a ingestão de líquidos juntamente com a bebida alcoólica. Valéria indica tomar um copo de bebida e dois de água para manter-se sempre hidratado. Mas também vale refrigerantes e sucos, que contêm glicose. “O importante é colocar para dentro o que a gente não está produzindo”, diz a nutróloga.
Quando a ressaca já está instaurada, o remédio é o tempo. O álcool leva 16 horas para sair totalmente do organismo, e até lá é provável que a pessoa sofra as consequências do excesso de bebida. Enquanto isso, deve-se repor os líquidos perdidos, comer (com moderação) para repor a necessidade energética do corpo e esperar até poder sair de casa para pular o Carnaval novamente.