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Edição 193
15 de outubro de 2009

Argumento

O Método Mãe-Canguru e a Maternidade-Escola da UFRJ

Amanda Salles

Desde agosto de 2000, através do patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Maternidade-Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ME–UFRJ) implementa o Método Mãe-Canguru (MMC). Os 30 anos do método e seus resultados no tratamento de bebês prematuros na UFRJ foram os temas do trabalho apresentado por Bruno Paz, Isabella Leal, Merian de Albuquerque, Monique Lima e Silva e Thalia Trindade, alunos da Faculdade de Medicina da UFRJ, na Semana da Jornada de Iniciação Científica.

O Método ao longo da história

Segundo os alunos, que foram coordenados por Carlos de Azevedo e Marcus de Carvalho, foi em 1979 que se iniciou, na Colômbia, a grande transformação na concepção e na forma de lidar com o recém-nascido prematuro e/ou de baixo peso. Vinte anos depois, no Brasil, o Ministério da Saúde reconheceu a modalidade assistencial pelo Sistema Único de Saúde (SUS), publicando a Norma para a Atenção Humanizada ao recém-nascido de baixo peso. Seguindo o avanço e os estudos nessa área, em 2001, foi inaugurado o Alojamento Conjunto e a Sala de Atividades Mãe-Canguru na Maternidade-Escola da UFRJ, que propiciou campo de estágio prático para os alunos de graduação e pós-graduação de Medicina da UFRJ.

Outra forma de reconhecer a importância desse tema foi a inclusão dos seminários de Tecnologia Mãe-Canguru no conteúdo programático da disciplina Clínica Pediátrica I, pelo Departamento de Pediatria, em que alunos do sétimo período do curso de Medicina da UFRJ pesquisam e apresentam seus fundamentos fisiológicos e filosóficos. Foram realizados, nesse período de 10 anos, um total de 44 seminários apresentados por grupos de alunos, que eram sempre avaliados.

O contato pele a pele e a posição de canguru, que proveem calor e evitam o refluxo gastroesofágico e a broncoaspiração, são benefícios que, associados à alimentação com leite materno exclusivo, aumentam o vínculo afetivo mãe-filho possibilitando alta hospitalar precoce, independentemente do peso, e diminuição das afecções perinatais, a primeira causa de mortalidade infantil atualmente.

As instalações físicas do alojamento-canguru foram concretizadas de acordo com as diretrizes do Manual de Normas Técnicas do MMC, do Ministério da Saúde, além de seguirem criteriosamente os processos de elegibilidade para a inclusão dos neonatos e mães no método.

Nesse contexto foi elaborado um estudo transversal e descritivo, que objetivou traçar o perfil dos bebês participantes do Método Mãe-Canguru (MMC) na Maternidade-Escola da UFRJ, no período de agosto de 2000 a maio de 2009. A coleta de dados foi realizada através da consulta de 390 prontuários, nos quais foram avaliadas as seguintes variáveis: idade corrigida e peso dos bebês na admissão da segunda etapa do MMC, tempo de permanência e o tipo de alimentação na alta hospitalar. Dentre os principais resultados, verificou-se que a média de idade corrigida dos bebês foi de 35 semanas e dois dias, e o peso médio foi de 1.766g. Quanto ao tempo médio de permanência na etapa, foi de 11 dias. Observou-se também que 81% dos bebês participantes saíram de alta hospitalar em aleitamento materno exclusivo; 18% em aleitamento misto, com leite materno e formulado; e apenas 1% com leite formulado.

Resultados

De acordo com os alunos, esse tema é muito importante para a formação em Medicina. Além disso, o assunto causa grande impacto, devido ao embasamento científico de um assunto que é encarado essencialmente como emocional.

Levando-se em conta os resultados obtidos, ficou evidente o sucesso no que diz respeito ao aleitamento materno no Programa Mãe-Canguru da Maternidade-Escola da UFRJ, que veio reafirmar a essência da tríade do Método Mãe-Canguru: calor, amor e aleitamento materno.

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