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Edição 189
17 de setembro de 2009
Apesar de muitas pessoas ligarem a fobia ao medo, nem sempre essa ligação é verdadeira. A fotofobia é um bom exemplo. Esta edição do Por uma boa causa trará as questões mais frequentes e outras informações sobre esse tipo de fobia.
É comum ver pessoas que só se expõem à luz com óculos escuros, sobretudo nos momentos em que a claridade é mais intensa. Muitas delas agem assim por estilo ou porque gostam de óculos escuros. Outros o fazem, no entanto, pelo fato de terem aversão à luz, ou seja, fotofobia.
Conhecida há mais de mil anos, a fotofobia se caracteriza pela intolerância à luz. Até mesmo a iluminação artificial de ambientes fechados pode trazer desconforto aos olhos. As reações mais comuns de quem sofre com essa fobia é a diminuição ou o fechamento da fenda palpebral, apertar os olhos e evitar ambientes iluminados em qualquer intensidade.
Parte desses indivíduos não tem nenhuma doença ocular e são classificados como primários. Esse tipo de aversão até hoje não pode ser explicada por médicos oftalmologistas e se apresenta sem uma causa específica, apenas uma sensibilidade aumentada à luz na córnea ou nos receptores da luz na retina. Porém, a fotofobia pode também denunciar doenças oculares e, nesse caso, os sintomas são chamados de secundários.
Segundo Luciano Gonçalves, professor adjunto de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da UFRJ, muitas oftalmopatias têm como característica inicial o lacrimejamento, decorrente da fotofobia. Glaucoma congênito em recém-natos, inflamações da conjuntiva e da córnea por vírus, lesões traumáticas da córnea e inflamação da íris são alguns dos problemas oftalmológicos que podem ocorrer junto com a fotofobia. “Esse tipo de fobia também se apresenta em pacientes com distúrbio da refração, como astigmatismo, além de pessoas que usam frequentemente o computador”, afirma Luciano.
As pessoas de pele e olhos claros e os albinos, que nascem sem pigmento na pele e nos olhos, são os mais afetados. Segundo o especialista a fotofobia pode ocorrer em indivíduos de qualquer idade, desde o recém-nascido até o mais idoso; para detectar o problema é necessário que a pessoa com tal sensibilidade procure um oftalmologista o quanto antes para descobrir o motivo.
A percepção da fobia não se torna difícil, as pessoas que sofrem desse mal necessitam do uso constante de lentes de proteção solar, como óculos escuros, chegando a utilizá-los à noite e em locais fechados como boates e shoppings. O preconceito e os olhares de estranheza das outras pessoas, além do desconforto, se tornam recorrentes e assim, a fotofobia acaba se tornando evidente também aos pacientes.
O tratamento é variável e depende da causa geradora. Em casos originados a partir de doenças oftalmológicas, há a necessidade de tratar a doença em primeiro plano. Porém, em casos onde não há nenhum tipo de doença prévia, não há tratamento. “Se a fotofobia for secundária a uma doença ocular, o tratamento da patologia resultará na cura da fotofobia. Já na fotofobia primária, em que não existe causa, o melhor tratamento é a proteção dos olhos com lentes escuras, que absorvem em 100% os raios ultravioletas, além das lentes amarelas, que também têm ótima aceitação”, aconselha Luciano Gonçalves.