O ácido retinoico é um velho conhecido daqueles que lutam contra a acne e a eficácia dele nessa batalha é comprovada. A novidade agora é a pesquisa desenvolvida por Juliana Correa e Joana Castro, pós-graduandas de dermatologia da Faculdade de Medicina da UFRJ, coordenadas por Sueli Carneiro, subchefe do Serviço de Dermatologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). Elas investigam o possível efeito do medicamento sobre a diminuição da hiperpigmentação deixada na pele pela acne.
Segundo Juliana, o estudo, que começou na última semana de 2008, surgiu a partir de relato dos pacientes e da observação de médicos apontando uma melhora das manchas durante o tratamento com o creme. “A pesquisa conta com a parceria da Johnson, que produz a medicação e nos fornece. Mas o único lugar que está realizando a pesquisa é o HUCFF”, conta Juliana.
O medicamento tem como princípio ativo a tretinoína, um derivado de ácido retinoico, que por sua vez é proveniente da vitamina A já utilizada no tratamento contra acne. “Já sabemos que a medicação resolve a acne, o que estamos testando agora é o quanto ela resolve a hiperpigmentação, as manchinhas escuras que ficam na pele do paciente”, relata Joana.
Para participar do estudo não é necessário ser paciente do HUCFF, basta apenas preencher os pré-requisitos da pesquisa, que são ter entre 14 e 30 anos, coloração da pele entre morena e negra, além de possuir lesões leves. A acne possui cinco graus de gravidade, e geralmente participam pacientes que tenham até o grau três, conforme o caso.
Juliana explica que, antes de ser feita uma anamnese (histórico do paciente) e iniciar o tratamento, realiza-se uma análise inicial dos tipos de pele, de acne e de cicatriz para saber se a pessoa se enquadra no estudo. “Pacientes que têm muita lesão inflamatória não participam, pois nesse caso haveria indicação de medicação oral e a que usamos é apenas tópica. Não podemos adicionar nada na receita. Utiliza-se apenas a medicação e um sabonete não abrasivo, ou seja, sem esfoliante, além de filtro solar, pois a pele fica um pouco mais sensível ao sol”, completa Joana.
O tratamento
Os voluntários do estudo recebem das pesquisadoras a medicação e têm as manchas de pele fotografadas para comparação futura. A cada consulta novas imagens são feitas, sendo o primeiro retorno após seis semanas e o segundo após 12 semanas. “Na primeira visita escolhemos uma manchinha e acompanhamos seu clareamento. Perguntamos ao paciente o que ele está achando, além de examinarmos e observarmos os resultados em relação à consulta anterior”, explica Joana.
Ao final do tratamento os pacientes recebem um questionário em que descrevem suas impressões com relação à medicação, se houve melhora ou efeito colateral. “Tudo será analisado de uma forma estatística. Mas, por enquanto, essa análise clínica ainda não pode ser feita, pois estamos esperando atingir uma quantidade de pacientes suficiente para isso”, dizem as pesquisadoras.
Os resultados têm sido positivos até agora. A pesquisa conta com cerca de 40 pacientes, mas o objetivo é atingir um número entre 60 e 80, para que se possa fazer a análise estatística. A conclusão do estudo ocorrerá após uma estatística relevante sobre a ação do creme. Alguns pacientes já receberam alta, mas outros ainda vão começar.
Os interessados em participar da pesquisa devem comparecer às terças-feiras, a partir de 11h, ao Ambulatório de Dermatologia do HUCFF, sala 222. O hospital fica na rua Professor Rodolpho Paulo Rocco, 255, Cidade Universitária.