• Edição 194
  • 22 de outubro de 2009

Notícias da Semana

Divulgando saberes e experimentando novos sabores

Amanda Salles

Divulgar e conhecer novos projetos e experiências no campo da alimentação é um dos objetivos da I Semana de Sabores e Saberes da UFRJ, que teve início na quarta-feira, 21/10, no Restaurante Universitário Edson Luiz de Lima Souto, em comemoração ao Dia Mundial da Alimentação.

O evento, que faz parte das atividades que estabelecem o papel do restaurante universitário como polo das ações inovadoras relacionadas ao sistema de alimentação na UFRJ, começou com a mesa de abertura, que contou com a presença de diversos colaboradores da Semana: Carlos Antonio Levi, pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento da UFRJ, Ângela Uller, pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa da UFRJ, Ricardo Pereira, diretor da Agência UFRJ de Inovação, Elizabeth Acioly, diretora do Instituto de Nutrição Josué de Castro, Nádia Pereira de Carvalho, diretora do Sistema de Alimentação da UFRJ, Lúcia Andrade, coordenadora de Programas Acadêmicos do Restaurante Universitário, e Gabriel Pereira, representante do Projeto Capim-Limão, além de outras autoridades e importantes representantes da área da alimentação no Rio de Janeiro.

Segundo Nádia, o evento começou através de uma conversa com a Agência de Inovação sobre como seria possível comemorar o Dia Mundial da Alimentação em conjunto com a oportunidade de divulgar a questão da Agroecologia. Antes formada somente por uma feira, a Semana de Sabores e Saberes hoje se potencializou e conta com palestras, experimentos e uma divulgação maior.

“Para mim este evento representa romper com a ideia de que o bandejão só fornece alimentação. Nós pretendemos oferecer muito mais, como uma unidade acadêmica, um produtor de conhecimento. E ‘encontrar’ os sabores e saberes foi uma das ideias para que isso se realizasse”, disse Nádia Pereira de Carvalho.

Além de trazer o conhecimento, foi destacada a importância do evento como possibilidade para a redescoberta da instituição pública, a universidade, como um agente que revela novas experiências à sociedade, trazendo também mais informações para a sala de aula e dando a oportunidade para que os alunos realizem seus projetos. “Nós queremos efetivar o Restaurante Universitário como um elo que possibilite a permanência dos estudantes, pois mesmo sendo em uma universidade pública não é barato estudar”, esclarece Lúcia Andrade.

Diferentemente dos anos anteriores, a grande novidade da comemoração do Dia Mundial da Alimentação na UFRJ é que o Encontro Sabores e Saberes entrou para o calendário oficial da universidade, passando a acontecer todos os anos e também concretizando as relações com o público de fora da instituição.

Após a mesa de abertura, iniciou-se a conferência “A contribuição das universidades na construção das políticas em Segurança Alimentar e Nutricional”, ministrada pelo coordenador de Agroecologia do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Rogério Dias. O evento contou ainda com a exposição e venda de alimentos orgânicos, além de testes sensoriais de alimentos funcionais, orientação nutricional, exposição de pesquisas e trabalhos acadêmicos.




XVII Semana de Farmácia

Tássia Veríssimo

O Centro Acadêmico da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro promove, entre os dias 19 e 23 de outubro, a XVII Semana de Farmácia da UFRJ. O evento ocorre no Centro de Ciências da Saúde, localizado na Cidade Universitária, e oferece minicursos, palestras, mesas-redondas e oficinas.

A mesa de abertura ocorreu na segunda-feira (19) e contou com as presenças de Manoel R. da Cruz Santos, da Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil (SEDESC), Maria Isabel Sampaio, professora da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e Marcelo Pádua, coordenador da Faculdade de Farmácia da Universidade do Rio de Janeiro. O tema abordado pelos palestrantes foi “Currículo e Ensino Farmacêutico”.

Manoel Santos destacou a importância da organização estudantil para a consolidação da profissão de farmacêutico no Brasil. Segundo ele, foi graças à militância estudantil que foi criado o primeiro programa de pós-graduação em Farmácia da UFRJ e que se organizaram congressos e eventos que discutissem a importância da carreira.

Manoel destacou que a institucionalização desse movimento na década de 1990 gerou deformações nos seus ideais que acabaram por prejudicar seu desempenho durante o processo de reforma da grade curricular do curso de Farmácia.

“Qual profissional a Faculdade de Farmácia forma hoje e qual profissional ela quer formar no futuro?”, foi a proposta de reflexão feita pelo farmacêutico acerca da necessidade da reforma curricular. Segundo Manoel, a profissão tem estado muito ligada aos interesses da indústria de medicamentos e tratado a saúde e o bem-estar dos pacientes como mercadoria regulada pelos interesses do mercado. O professor destaca que o ciclo de assistência farmacêutica precisa passar pelos processos de Seleção, Programação, Aquisição, Armazenamento, Distribuição e Utilização, que inclui prescrição, dispensação e uso. Na etapa de Utilização ele destaca que é preciso tomar cuidado com a administração errada e excessiva de medicamentos, prática que pode causar danos irrecuperáveis à saúde, e criar consciência de que a profissão tem que ser centrada nos pacientes.

O coordenador do curso de Farmácia da UFRJ, Marcelo Pádua, concorda com a visão de Manoel Santos e afirma que é preciso mudar a imagem que se tem da profissão. “Antigamente, quando eu falava com um aluno que tinha interesse no curso de Farmácia, eu dizia que ele tinha que gostar de química e biologia; hoje em dia eu digo que ele também tem de gostar de gente”, conclui Marcelo.




Palestra discute a comunicação de más notícias aos pacientes



Tássia Veríssimo

O Centro de Estudos Professora Lúcia Spitz, em parceria com o Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ), realizou nessa quarta-feira, 21 de outubro, um encontro para discutir o papel do médico em relação a doentes graves ou terminais, através da palestra “Comunicação de más notícias em Medicina”. A mesa foi composta pelos doutores do Hospital Universitário Maria Tavares Cavalcanti, psiquiatra; Pedro Patrício, nefrologista; e Jacques Bines, oncologista.

A doutora Maria Tavares relatou as dificuldades em noticiar a um paciente e a sua família que ele possui uma doença psiquiátrica. Ela usou o exemplo do paciente Pedro, nome fictício, para explicar que muitas vezes a família, por medo ou vergonha, não quer aceitar e isso acaba prejudicando o paciente, já que aumenta o tempo entre a descoberta do diagnóstico e o início do tratamento.

A psiquiatra acrescentou que é muito importante criar uma relação de confiança com os pacientes para que eles recebam as notícias em relação a seu estado e ao tratamento da forma que percebam que o médico realmente se preocupa com eles.

Pedro Patrício iniciou sua fala com uma breve definição do que ele considera uma má notícia: “É uma notícia que confirme uma expectativa negativa ou que contrarie uma perspectiva positiva.”

Para o nefrologista é muito importante que o médico consiga transmitir a notícia de modo que o paciente e seus familiares, leigos no assunto, consigam entender a situação e assim aderir, ou não, ao tratamento, sabendo de suas reais vantagens e desvantagens.

Patrício chama a atenção para o fato de que o médico tem de ter muito cuidado para não criar falsas expectativas no paciente, e ao mesmo tempo também não acabar com as esperanças dele. O médico afirma que uma postura isenta desses dois extremos é importante porque, segundo ele, “em Medicina não existem certezas”.

O oncologista Jacques Bines definiu uma má notícia “qualquer informação que afete de maneira adversa e seriamente a visão do futuro de uma pessoa”. Para ele lidar com pacientes com câncer é uma tarefa muita delicada e que necessita de muita dedicação do médico, já que se trata de uma doença que gera nos pacientes sentimentos como medo, solidão e sensação de impotência.

Jacques explica que não existe o método certo para aprender a comunicar más notícias aos pacientes. De acordo com ele, existem até manuais para auxiliar nisso, mas somente com a experiência no dia a dia é que cada médico desenvolve seu método.

Segundo o oncologista, existem médicos que são a favor de contar a verdade e outros que são contra. Ele conta que é a favor da autonomia do paciente, por isso conta a verdade para que ele possa decidir, de maneira consciente, qual atitude irá tomar em relação ao tratamento.

Jacques conclui dizendo que, por mais que o médico se empenhe e faça seu trabalho da melhor maneira, ele precisa saber que não é onipotente e precisa compreender que a Medicina tem limites.

O evento, voltado para a comunidade médica, foi realizado no anfiteatro do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), na Cidade Universitária.