Encerrando a série sobre doenças dermatológicas do Por um boa causa deste mês, falaremos sobre a escabiose. Para abordar o tema convidamos a doutora Sueli Coelho da Silva Carneiro, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro e médica dermatologista do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho.
A escabiose, também conhecida como sarna, é uma dermatose causada pelo ácaro fêmea Sarcoptes scabieicvariante hominis, parasita que escava túneis sob a pele onde a fêmea deposita seus ovos que eclodirão em cerca de 7 a 10 dias, dando origem a novos parasitas. A doutora Sueli explica que os sintomas são “pruído ou coceira intensa e generalizada, principalmente à noite. O início é gradual, com coceira ocorrendo nos espaços entre os dedos, nas axilas, nas nádegas e nas solas dos pés”.
A lesão típica da sarna é um pequeno trajeto linear pouco elevado, da cor da pele ou ligeiramente avermelhado e que corresponde aos túneis sob a pele. Esta lesão dificilmente é encontrada, pois a escoriação causada pelo ato de coçar a torna irreconhecível. O que se encontra na maioria dos casos são pequenos pontos escoriados ou recobertos por crostas em consequência da coçadura. É possível a infecção secundária destas lesões, com surgimento de pústulas e crostas amareladas.
A doença é contagiosa e se adquire através de contato direto com pessoas infectadas. Apesar de menos frequente, também é possível o contágio através de vestimentas e roupas de cama infectadas. Segundo a dermatologista, “os ácaros que causam escabiose em animais também podem parasitar a pele humana, mas há a involução espontânea porque a doença frustra”.
O diagnóstico da escabiose é presuntivo, em pacientes com coceira ou erupção pruriginosa que piore à noite e comprometa os espaços entre os dedos, a face de flexão dos punhos, a genitália e a cintura. A dermatologista explica que o tratamento é feito com escabicidas tópicos na região afetada. Em casos resistentes ao tratamento, podem-se associar os tratamentos oral e local.
A escabiose, de acordo com a professora Sueli, é uma doença endêmica com surtos epidêmicos e tem relação com a promiscuidade. “Antigamente era considerada doença da classe socioeconômica baixa, porém hoje atinge as classes sociais mais elevadas. Em geral há mais de um caso no ambiente residencial”, Conclui a dermatologista.