Nas últimas semanas, vários casos de abusos sexuais contra crianças foram notificados pela mídia. Após essa experiência traumática, é necessário que a vítima passe por um tratamento para atenuar as sequelas físicas e psicológicas. O Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG/UFRJ) oferece esse tratamento por meio do Núcleo de Atenção à Criança Vítima de Violência.
O Núcleo atende desde 1996, quando foi criado o Ambulatório da Família, que desde então já atendeu a 915 crianças vítimas de abusos físicos, sexuais, psicológicos e negligência. Segundo o Dr. Mario Marques, um dos coordenadores do núcleo, há situações em que mais de um tipo de abuso é identificado.
O núcleo oferece atendimento a crianças internadas no IPPMG e que são encaminhadas por outros hospitais, pelo conselho tutelar e até por escolas. Segundo Mario Marques, no começo, por conta da escassez de profissionais treinados para esse tipo de tratamento e da demanda muito grande, foi necessário, durante algum tempo, restringir a divulgação do serviço. “Mas todos os casos encaminhados, e que chegaram ao Setor de Triagem do IPPMG, foram devidamente atendidos pelo nosso serviço”, salienta o doutor.
Uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, é responsável pelos atendimentos. Inicialmente, a criança é atendida por um pediatra e uma enfermeira, que colhem dados sobre os maus-tratos, realizam exames físicos e indicam exames laboratoriais se necessário. “Semanalmente toda a equipe se reúne para a discussão dos casos e então são definidas as demandas específicas de atendimento a cada caso – assistência pela Psicologia, identificação de demandas para o Serviço Social, notificação dos casos ao Conselho Tutelar, identificação de outras instituições para encaminhamento de questões especiais”, explicou o coordenador.
O núcleo não tem nenhuma ligação com qualquer órgão policial. Segundo o Dr. Mario, em cumprimento ao Estatuto da Criança e do Adolescente, todo caso de suspeita ou violência confirmada contra a criança e o adolescente é notificado ao Conselho Tutelar. “Nosso compromisso é com as vítimas e seus responsáveis, através de atendimento médico, psicológico e apoio social”, conclui o doutor.