A doutoranda Eugênia Terra Granado Pina, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF), da UFRJ, defende sua tese no dia 31 de agosto. O trabalho é intitulado “Participação da proteína prion celular na diferenciação e migração intratímica de linfócitos T” e foi orientado pelo professor Wilson Savino, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A defesa acontece às 9h na sala C1-011 do IBCCF, no Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ, localizado na Cidade Universitária.
De acordo com Eugênia, a proteína prion celular (PrPC) é expressa constitutivamente em diferentes órgãos do sistema nervoso, mas também no sistema imune, incluindo-se em particular o timo. “Funcionalmente, tem sido sugerido seu envolvimento em processos como: proteção contra apoptose, neuritogênese, metabolismo do íon cobre e ativação de linfócitos T”, aponta.
Além disso, a doutoranda acredita que a interação com laminina parece estar envolvida em processos de adesão neuronal, extensão e manutenção de neuritos. “Ainda assim, seu papel funcional não foi totalmente elucidado. Neste trabalho, analisamos uma possível participação de PrPC na diferenciação e capacidade migratória de timócitos provenientes de camundongos, com diferentes níveis de expressão da PrPC”, relata.
Os resultados do estudo mostram que camundongos superexpressando PrPC (Tga20) apresentam intensa hipoplasia tímica, com bloqueio parcial de diferenciação de timócitos no estágio DN3 (de fenótipo CD4-CD8-CD25+CD44-), e diminuição nas subpopulações subsequentes. “As subpopulações duplo-positivas CD4+CD8+, assim como os timócitos simples positivos CD4+ ou CD8+ do camundongo Tga20, apresentam aumento de morte celular, explicando, em parte, o pequeno número de células encontrado nestes estágios de desenvolvimento”, afirma Eugênia.
Segundo ela, linfonodos dos animais com superexpressão de PrPC apresentam diminuição no número de linfócitos Tαβ e aumento nos linfócitos Tyδ. “Verificamos ainda que animais apresentando variação na expressão de PrPC possuem respostas migratórias alteradas frente a diferentes estímulos, incluindo laminina, fibronectina e a quimiocina CXCL12. Em conclusão, nossos resultados sugerem que PrPC modula diretamente diferentes processos biológicos fundamentais no desenvolvimento de linfócitos T”, finaliza.
Marcela da Silva Rosa, mestranda do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF), da UFRJ, defende no dia 31 de agosto sua dissertação “Análise da expressão de proteínas totais e mitocondriais de células de fígado humano (HepG2) infectadas com o vírus da dengue sorotipo 2 através de técnicas proteômicas”. O trabalho é orientado pelo professor Ronaldo Borges, do IBCCF, e co-orientado por Andrea da Poian, professora do Instituto de Bioquímica Médica (IBqM) da UFRJ. A defesa ocorre às 14h na Biblioteca do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ, localizado na Cidade Universitária.
Segundo a mestranda, a dengue é a principal arbovirose humana e atinge principalmente países tropicais e subtropicais. Cerca de 50 a 100 milhões de casos ocorrem por ano em todo o mundo, resultando em 25 mil mortes. “Mais de 100 países têm a dengue como uma doença endêmica e cerca de 2,5 bilhões de pessoas que vivem nessas áreas correm o risco de serem infectadas”, informa.
Marcela explicou que as manifestações clínicas da doença podem evoluir de um quadro ameno até um mais severo, podendo chegar à morte. As formas mais graves são a dengue hemorrágica (DHF) e a síndrome do choque da dengue (DSS). “Uma das dificuldades de se combater a doença é a existência de quatro diferentes sorotipos do vírus, sendo que a infecção por um deles não confere imunidade contra a infecção por outro”, aponta.
De acordo com ela, ainda especula-se que infecções sucessivas com diferentes sorotipos aumentem a chance de desenvolvimento das formas mais severas da doença. “Nenhuma vacina contra o vírus foi desenvolvida até o momento, embora existam muitas linhas de pesquisa nesse sentido. O conhecimento sobre a biologia do vírus e da célula hospedeira durante a infecção é crucial para o desenvolvimento de novas terapias contra a doença”, afirma.
A mestranda acredita que um importante avanço seria compreender as mudanças no perfil de expressão das proteínas nas principais células afetadas: monócitos, células dendríticas epiteliais e hepatócitos. “Nós utilizamos técnicas proteômicas para estudar as proteínas celulares que são diferencialmente expressas durante a infecção com o vírus da dengue. O objetivo é identificar as proteínas celulares envolvidas em cada estágio de replicação do vírus”, relata.
Para Marcela, o fígado está possivelmente envolvido na patogênese da DHF/DSS: “Por isso, o modelo celular utilizado nesse estudo foi a linhagem celular HepG2, que é derivada de um carcinoma hepático. As tecnologias utilizadas foram a separação de proteínas por eletroforese bidimensional e a identificação das proteínas por espectrometria de massas, após digestão com tripsina”.
As células foram infectadas com o vírus da dengue sorotipo 2 e os extratos celulares totais e mitocondriais foram utilizados para as análises. “A infecção alterou o teor de expressão de várias proteínas encontradas nos lisados totais e mitocondriais. Algumas delas foram identificadas como sendo do metabolismo, do citoesqueleto ou inibidoras de proteases. Ainda proteínas envolvidas na síntese de ribossomos, fatores de transcrição, proteínas proteolíticas e as envolvidas no controle pós-transcricional”, conclui Marcela da Silva Rosa.