Desde a última semana, a gripe suína vem se disseminando pelo mundo. Onze países já confirmaram casos da doença respiratória. A pandemia, iniciada no México, é provocada pela mutação do vírus influenza, que é suíno, aviário e humano. Essa nova versão do vírus H1N1 do tipo A surpreendeu o mundo devido à falta de medicamentos para o combate e, principalmente, pela facilidade com que é transmitido entre os homens.
Na quarta-feira, dia 29, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que a pandemia já chegou ao nível 5 de alerta em uma escala até 6. Já foram confirmados mais de 200 casos da doença, até as 18 horas de quinta-feira (30/4), em grande parte na América do Norte e Europa, além de sete mortes no México e uma nos EUA. No Brasil, o Ministério da Saúde confirmou dois casos suspeitos com pacientes internados e monitora outros 36 casos, no entanto nenhum foi confirmado até o momento.
Edimilson Migowski de Carvalho, professor de Infectologia Pediátrica da UFRJ, alerta que os sintomas da gripe suína são “os mesmos observados com a gripe sazonal, a gripe mais frequente, como febre alta, mal-estar, tosse, espirro, dor no corpo e de cabeça”. Vem chamando atenção a presença de diarreia, vômitos e conjuntivite. Migowski ainda esclarece que “o vírus se replica nas células dos pulmões e em outros órgãos, inclusive o cérebro, podendo causar pneumonia e também encefalite”.
O contágio ocorre através de porcos ou pessoas contaminadas. O vírus é inoculado pelo contato da mão contaminada com olhos, boca e nariz. Edimilson recomenda: “A higiene das mãos é uma medida importante.” Após o contágio, o vírus leva de três a cinco dias para reagir no organismo humano, podendo chegar a dez. O consumo da carne suína não leva à doença.
Por todo o mundo há pessoas usando máscaras para prevenir o contágio, principalmente em aeroportos, porém Edimilson faz ressalvas a esse método de prevenção: “A máscara ideal é a N 95. Pessoas infectadas devem utilizar máscara para reduzir a transmissão do vírus. Não está provado que máscaras comuns (de pano ou cirúrgica) evitem a gripe em pessoas saudáveis.”
– Intensificar a vigilância nos portos, aeroportos e fronteiras, aumentar a informação e o treinamento dos profissionais de saúde e disponibilizar nos aviões o tratamento específico para quem inicia gripe durante o voo são as medidas que o Estado deve tomar – diz o professor.
A gripe suína está amedrontando boa parte da população mundial, e isso se deve, segundo Edimilson, ao fato de “a taxa de letalidade, embora menor do que o observado com a gripe aviária, ser bem maior do que a gripe espanhola. Faltam medicamentos para todas as pessoas”. A OMS revelou que ainda não há uma vacina para combater a atual versão do vírus influenza e o estudo para a sua confecção deve durar de quatro a seis meses.
Estudos iniciais dão conta de que as drogas Zanamivir e Oseltamivir – comercialmente reconhecida por Tamiflu – diminuem a agressividade do vírus H1N1, ajudando na prevenção e no tratamento da gripe suína.
– O tratamento deve ser iniciado o quanto antes, pois o medicamento reduz a replicação do vírus influenza e, consequentemente, as complicações e transmissão do vírus para outras pessoas. No México, em torno de 6% a 7% das pessoas que se infectaram evoluíram para óbito. Quer dizer, a taxa de letalidade da gripe suína vem se mostrando superior à da gripe espanhola, de 1917 e 1918, que era de 4% – declarou Migowski.
Alguns detalhes para evitar a gripe suína: lave as mãos várias vezes ao dia, principalmente antes de tocar olhos, boca ou nariz – se não for possível, passe álcool gel a 70% com glicerina a 2%; evite aglomerações em locais fechados e contato com pessoas com sintomas da gripe; se você estiver com sintomas de gripe, procure um serviço médico. Medicamentos caseiros não tratam a gripe suína, nem a sazonal.
Por fim, o professor de Infectologia Pediátrica da UFRJ avisa: “Lembre-se, gripe é diferente de resfriado! Não apenas pelo tipo de vírus envolvido, no caso da gripe influenza, mas também nas manifestações clínicas. O resfriado se caracteriza por quadro leve, algumas vezes espirro, coriza e pouca tosse, e a febre, quando presente, é baixa.”