A Infecção do Trato Urinário (ITU), uma das doenças infecciosas mais comuns no Brasil, é causada pela invasão de microorganismos que passam pelo canal condutor da urina, a uretra, e recebe diferentes nomes de acordo com a região atingida por eles: pilonefrite, nos rins; prostatite, na próstata; uretrite, na uretra; e, por fim, cistite, na bexiga.
— A maioria das bactérias que causam a infecção urinária é proveniente do trato intestinal — informa o ginecologista do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), da UFRJ, Renato Ferrari. Dentre essas bactérias, a Escherichia coli é a mais recorrente, sendo responsável por cerca de 80% de todas as infecções urinárias. Devido à proximidade do ânus com a uretra, esses microorganismos acabam entrando em contato com o trato urinário e provocando a infecção. Porém, Ferrari adverte que existem ainda outros tipos de bactérias que, com menos freqüência, podem originar a infecção. Um exemplo é o das Stafilococus, que colonizam a nossa pele.
Os sintomas da infecção urinária variam de acordo com área do corpo atingida. “As ITU baixas, infecções mais comuns que ficam restritas à uretra e à bexiga, como a cistite, provocam dor ao urinar e aumento da freqüência urinária. Já as ITU altas acometem o trato urinário superior, ureteres e rins. Elas causam geralmente febre, queda do estado geral e dor na região lombar”, informa o médico.
O sexo feminino é o mais atingido pela doença. De acordo com a Associação Americana de Urologia, metade das mulheres do planeta possui ou irá desenvolver a infecção urinária pelo menos uma vez ao longo de suas vidas. Ferrari explica que o fato de a uretra feminina ser curta em relação à do homem facilita a entrada de bactérias. Há ainda o agravante de a vulva ser uma área colonizada por muitas bactérias e bem próxima ao ânus. A gravidez é outro fator que pode aumentar o risco da infecção, pois nesse período a posição anatômica das vias urinárias sofre mudanças devido à pressão feita pelo feto.
Prevenção e Tratamento
Grande parte dos casos de ITU é simples e dificilmente ocasiona morte, como aconteceu recentemente com a modelo e Miss América Mariana Bridi, que teve ainda mãos e pés amputados em decorrência dos efeitos da doença. “Casos assim são raríssimos e quando acontecem são em decorrência de alguma deficiência imunológica da paciente”, afirma Ferrari.
Para prevenir a doença, o ginecologista recomenda algumas medidas de higiene, principalmente entre as mulheres que devem tomar certos cuidados durante as relações sexuais. Ele aconselha, por exemplo, a “evitar o coito vaginal após o coito anal sem que haja qualquer limpeza prévia do pênis; evitar ter relações com a bexiga cheia e urinar após as relações, mesmo que em pequena quantidade, pois a urina que sai ajuda a ‘lavar’ a uretra de bactérias que estejam subindo para colonizar a bexiga”.
Outra recomendação do médico para ambos os sexos é que não se deve prender urina por muito tempo e se deve evitar banhos de imersão após as relações sexuais. Ferrari diz que o tratamento é simples e feito com antibióticos receitados por três dias, em casos simples, e por mais tempo, em casos de ITU alta.