Uma maneira eficaz de se prevenir e diagnosticar doenças relacionadas à nutrição em um indivíduo ou população é através da avaliação nutricional. “A prática consiste na interpretação de uma série de informações: bioquímicas, clínicas, antropométricas, socioeconômicas e demográficas, que vão indicar possíveis alterações ou distúrbios nutricionais”, explica Gloria Valeria da Veiga, professora do Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC) da UFRJ.
Segundo ela, trata-se de um procedimento realizado com base em diversos indicadores. “Os mais utilizados são os antropométricos, que permitem avaliar as associações entre medidas corporais, que darão um indicativo de alterações nutricionais”, aponta. De acordo com Gloria, peso, altura e circunferência da cintura são exemplos de medidas utilizadas.
– Mas a avaliação vai além disso. Pode ser feita através de métodos bioquímicos, como a dosagem de ferro no sangue, para ver se há deficiência que indique anemia – informa. Gloria ainda citou a dosagem de retinol e caroteinoides, que são pró-vitamina A.
– Indicadores antropométricos e bioquímicos são os mais diretos. Existem também os indiretos, como a avaliação de condições socioeconômicas. Ela indica riscos de a pessoa apresentar determinados problemas nutricionais por não ter ingestão alimentar adequada – relata a especialista. Gloria acrescentou que outro método utilizado pode ser simplesmente a avaliação do consumo alimentar do indivíduo.
A avaliação nutricional pode e deve ser feita em todas as faixas etárias. No entanto, existem grupos etários mais específicos para determinadas doenças relacionadas à nutrição. “Crianças de até cinco anos estão em maior risco de desnutrição proteico-energética e de anemia, então voltamos as investigações para esses problemas”, observa a nutricionista. Já na adolescência, assim como na fase adulta, o maior risco é a obesidade. Nos idosos, a desnutrição volta a preocupar.
Gloria explica que pacientes internados em hospital devem fazer avaliação nutricional imediata, pois é importante saber a situação nutricional do indivíduo doente e acompanhá-la ao longo do tratamento. Já a avaliação para estudos epidemiológicos deveria ser realizada a cada cinco anos, em média. “O ideal é que as políticas governamentais estejam preocupadas pelo menos periodicamente em traçar um perfil nutricional da população. Isso vai mostrar os problemas mais frequentes, para que medidas possam ser tomadas, de forma a melhorar a situação nutricional do país”, constata.
Avaliação no Restaurante Universitário
Nos dias 16 e 23 de junho, a partir das 12h, alunos de Nutrição do INJC, coordenados pela professora Gloria, realizarão a avaliação nutricional para usuários do Restaurante Universitário Central (RU) da UFRJ. “A prática que faremos consiste na avaliação antropométrica de peso, altura e circunferência da cintura. É o mais adequado a grande número de pessoas, em ambiente público”, avalia a professora. O resultado será dado imediatamente.
– Quando trabalhamos com a relação de peso e altura, calculamos o Índice de Massa Corporal (IMC). A conta consiste na divisão de peso por altura ao quadrado – explica. Gloria destacou que resultados abaixo de 18.5 indicam baixo peso, que deve ser investigado devido ao risco de desnutrição. A faixa de normalidade se encontra entre 18.5 e 24.9, que indica probabilidade de nutrição adequada. Resultado acima de 25 aponta para excesso de peso, que pode representar risco de obesidade. “Mais de 30, com muita chance de acerto, o indivíduo está com obesidade, excesso de gordura no corpo que significa alto risco para uma série de doenças”, adverte a especialista.
Segundo a professora, quanto à circunferência da cintura, mulheres com medidas acima de 80 cm e homens com mais de 94 cm estão com acúmulo de gordura na região, o que também é de alto risco para a saúde. “E ainda veremos o percentual de gordura, pois temos uma balança que avalia a composição corporal. Mulheres acima de 30% de gordura no corpo e homens com mais de 25% já correm risco de obesidade”, revela.
– Após a avaliação nutricional, com base nos resultados, veremos quem está em risco e deve procurar um nutricionista. Para traçar o perfil dos usuários, aplicaremos um questionário. Assim podemos ver de que forma o RU pode contribuir ao longo do tempo para o estado nutricional adequado dos frequentadores – conclui Gloria Valeria da Veiga.