A série do Por uma boa causa deste mês, sobre exames preventivos contra diferentes tipos de câncer, aborda nesta edição o Papanicolau.
“Segundo as verificações estatísticas, na prevenção do câncer de colo uterino, o exame do Papanicolau reduziu em 80% os casos graves nos países que o implementaram como programa. E 50% das pacientes com câncer cervical estão entre aquelas que não fazem o exame”, relata Paulo Canella, professor titular do Instituto de Ginecologia (IG) da UFRJ.
Com aproximadamente 500 mil casos novos por ano no mundo, o câncer do colo do útero é o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres, sendo responsável por 230 mil mortes ao ano. Segundo relatório do Instituto Nacional de Câncer (Inca), são esperados 18.430 novos casos da doença para 2010 no Brasil. Estima-se uma redução de até 80% na mortalidade por este tipo de câncer através do rastreamento de mulheres na faixa etária de 25 a 65 anos, com o teste de Papanicolaou e tratamento.
Tratar infecções ajuda a prevenir o câncer
“O Papanicolau é fundamental para a pesquisa de células suspeitas do câncer do colo uterino. E, além do exame citológico, é muito importante o exame físico, pois o diagnóstico e tratamento das infecções vaginais e cervicais previnem o câncer”, informa Paulo Canella. De acordo com ele, o teste deve ser feito anualmente em mulheres com vida sexual ativa, mas também pode ser necessário ocasionalmente em mulheres virgens.
Segundo o ginecologista, os procedimentos do exame incluem coleta de células da vagina, do colo do útero (com o modelo de espátula de Aire) e eventualmente do canal cervical, com escovinha de cerdas macias. “Com o material, se faz um esfregaço em lâminas que são fixadas em uma solução de álcool/éter a 50%. O vidro é enviado ao citologista, que cora as células e faz a leitura, emitindo o laudo”, explica ele. O resultado fica pronto numa média de três dias, dependendo do laboratório.
O Papanicolau é um exame simples e barato, oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, algumas mulheres ainda resistem em realizá-lo, por medo ou vergonha. “É um exame absolutamente indolor, as células coletadas são aquelas soltas na vagina e no colo uterino. Há apenas o desconforto do uso do espéculo vaginal para exposição do colo uterino”, conclui Paulo Canella.