Quando se pensa em medo e fobias, a claustrofobia é um dos transtornos mais conhecidos pela sociedade. Porém, assim como outras fobias, ela apresenta diversas especificidades e não se resume somente ao medo patológico de lugares fechados.
Outros transtornos psicológicos e situações do cotidiano estão ligados a esse tipo de fobia. Por isso, dando sequência à série do Por uma boa causa, abordaremos as características e inovações no tratamento da claustrofobia.
O medo é uma função mental útil, que protege o ser humano de perigos, sem atrapalhar e interferir na qualidade de vida. A claustrofobia é um medo patológico, em grandes proporções, de lugares fechados. Porém, cada pessoa que sofre com essa doença terá fobia diante de diferentes situações. Segundo Antonio Egídio Nardi, professor-adjunto do Instituto de Psiquiatria e da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro, uma pessoa com claustrofobia pode não conseguir ficar em uma sala fechada, muitas vezes somente com a porta encostada. Em outras pessoas, a doença só vai se apresentar em situações mais agudas, com restrição dos movimentos, como um elevador cheio ou um exame de tomografia computadorizada.
Em sua grande maioria, os claustrofóbicos têm medo de morrer, não possuindo, portanto, o específico medo de lugares fechados. Os pensamentos ligados a esses pacientes adquirem grande importância no diagnóstico da patologia e, neste caso, o medo de morrer por falta de ar é o mais recorrente. “Às vezes, a pessoa não tem medo de avião, mas tem fobia de ficar presa nesse lugar, pois, caso aconteça algum problema, ela não tem para onde ir”, explica Antonio Nardi.
A maioria dos casos de claustrofobia vem acompanhada de outros transtornos de ansiedade. O transtorno de pânico é o mais conhecido e mais comum entre os claustrofóbicos. Com o passar do tempo, esses ataques de pânico, caracterizados, por exemplo, por sudorese, tremor e queda de pressão arterial, vão gerar a insegurança no paciente devido ao constrangimento de passar mal de repente, em qualquer local. Além disso, há facilidade para que os pacientes adquiram uma depressão, por se isolarem de pessoas e locais que possam gerar contextos claustrofóbicos, recolhendo-se a lugares nos quais se sentem mais seguros.
As mulheres são as mais afetadas pela doença. Na maioria das vezes, isso se deve ao fato de o sexo feminino sofrer mais com as doenças que são ligadas à claustrofobia, como a depressão e outros transtornos de ansiedade. Porém, quando os números representam a procura por tratamento, homens e mulheres possuem a mesma prevalência. Isso ocorre, em grande parte dos casos, devido aos males dessa patologia à vida social do paciente.
Como cuidar
O tratamento da claustrofobia deve ser feito de acordo com suas doenças associadas, pois os sintomas podem só aparecer quando o paciente estiver deprimido ou em pânico, por exemplo. As técnicas vão desde medicamentos e terapias de relaxamento, até o uso de tecnologias. O procedimento específico para o claustrofóbico chama-se Terapia Cognitiva Comportamental, usada também em outras fobias, fazendo com que o paciente vença o problema gradativamente. “A primeira fase passa pelo controle da respiração e pelo relaxamento. Logo depois, o paciente deve aprender a pensar no objeto que causa a fobia, vendo fotos e filmes ou lendo livros, para se acostumar com a presença deste”, relata Antonio Nardi.
Como inovação no tratamento da claustrofobia, a técnica da realidade virtual se mostra bastante eficiente. A pessoa enfrenta a situação temida participando de um filme no ambiente virtual, com o uso de óculos específicos para a visualização, que irão simular a situação comum de medo dos claustrofóbicos, como entrar em um ônibus lotado ou dirigir no trânsito parado.
Estudos realizados após alguns tratamentos com o aparelho revelaram que os pacientes, vendo o filme, sofrem com os mesmos sintomas da claustrofobia, sendo este, portanto, eficaz na fase de reconhecimento do medo. A conclusão do tratamento vai atuar no enfrentamento da fobia, na vida real e em situações do seu cotidiano.
Atualmente, outro filme está sendo elaborado. Ele irá representar a entrada do claustrofóbico em um metrô. Porém, como uma forma de perceber a evolução do tratamento, o aparelho passará a ser comandado pelo próprio paciente, tomando decisões sobre entrar ou sair do metrô, por exemplo.