• Edição 173
  • 28 de maio de 2009

Saúde e Prevenção

Água, o elixir dos idosos

Cília Monteiro


Água: elemento fundamental para a existência de vida na Terra. No corpo humano, é o principal constituinte. No entanto, com o passar dos anos, vamos diminuindo nossa reserva hídrica e a falta de água no organismo pode trazer muitos prejuízos. “A água mantém a saúde da pele e das articulações, facilita o funcionamento dos órgãos e tecidos, e ajuda a manter o metabolismo corporal saudável”, aponta Ana Cristina Canêdo, coordenadora do ambulatório de geriatria do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF).

Segundo a especialista, com o envelhecimento há uma redução na composição corporal de massa gordurosa, que é muito hidratada. “Por esse motivo, o conteúdo de água corporal é reduzido de 70 para 60% no idoso”, informa. Ela explicou que a água facilita a excreção de metabólitos renais e serve como catalisador de várias reações enzimáticas no organismo, incluindo digestão, absorção e metabolismo de nutrientes.

A desidratação é uma frequente causa de morbidade entre idosos. Pode estar associada a complicações como cálculos urinários, constipação intestinal, doenças tromboembólicas, infecções e disfunção renal. “A desidratação grave possui incidência maior na população idosa do que no adulto jovem. É acompanhada de uma taxa de mortalidade de mais de 50%, caso não seja tratada adequadamente”, afirma Ana Cristina.

Sintomas

— A desidratação irá ocorrer quando a perda de água é maior do que a ingestão. Quando um idoso desidrata, pode não sentir sede e, desta forma, não beber água para compensar a perda — indica Canêdo. Segundo ela, a desidratação leve resulta em perda de peso, sede e boca seca. Caso haja progresso, poderá ocorrer aumento da temperatura corporal, redução do débito cardíaco, insuficiência renal e até a morte.

De acordo com a especialista, a doença é prejudicial em qualquer idade. “Porém, especificamente no idoso, o grande problema é a rapidez com que ela pode acontecer. As consequências são graves, levando à hospitalização e até à morte”, ressalta.

O fato de a desidratação ser mais comum nos idosos está relacionado ao envelhecimento, que provoca alterações no metabolismo da água: “O conteúdo corporal total de água fica reduzido, a sensação de sede diminuída, e há a tendência de se eliminar mais urina. Por esses motivos, os mecanismos de respostas fisiológicas à desidratação estão comprometidos”, justifica a especialista.

Ana Cristina informou que, no idoso, os sinais e sintomas de alerta para o problema são boca seca, redução do volume e escurecimento da urina, taquicardia, queda da pressão arterial e confusão mental. “A confusão mental aguda no idoso tem como sinônimo o termo ‘Delirium’, e possui vários possíveis fatores precipitantes e predisponentes”, relata.

Confusão mental

Ela apontou o diabetes descompensado, a infecção urinária e a desidratação como causas importantes e comuns da confusão mental. “Mas existem muitas outras causas igualmente frequentes, como, por exemplo, o efeito colateral de certas medicações e o confinamento causado por uma internação hospitalar prolongada. E ainda qualquer tipo de infecção e privação do sono”, completa a especialista.

Ana Cristina explicou que o Delirium na verdade é um sintoma de que alguma coisa está errada com o organismo do idoso. “É um sinal de alerta; porém, ele é muito inespecífico. Por isso o idoso confuso deve ser investigado quanto a uma série de possibilidades”, destaca.

— O que os idosos e seus familiares precisam saber é que não devem esperar que sintam sede para beber água — adverte Ana Cristina. A necessidade básica diária de água nos idosos varia entre 1.500 a 2.500ml/dia, o que equivale a aproximadamente seis a oito copos por dia. Entretanto, em dias mais quentes, essa ingestão deverá ser aumentada. “Apesar disso, foi mostrado em um estudo que 25% dos idosos com idade acima de 85 anos ingerem menos de 1 litro de líquidos por dia”, relata Ana Cristina Canêdo.