Uma pesquisa que está sendo realizada na Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação de Engenharia) garante trazer melhorias para os diagnósticos de lesões ósseas humanas, além de prevenir a osteoporose, uma doença que acomete os ossos, tornando-os fracos e com muita susceptibilidade a fraturas.
Segundo dados do Ministério da Saúde, a osteoporose afeta em torno de oito milhões de pessoas acima de 55 anos no Brasil. O estudo, que faz parte da tese de doutorado da pesquisadora Inayá Corrêa Barbosa Lima, em parceria com o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), mapeia algumas regiões ósseas, com o intuito de saber como alguns minerais importantes para a saúde do osso estão distribuídos, tais como o cálcio, o fósforo, o zinco e o estrôncio.
De acordo com Inayá Lima, a técnica utilizada é a microfluorescência de raios X de luz de síncrotron, realizada através de um microtomógrafo de raios X, do Laboratório de Instrumentação Nuclear da UFRJ, que em combinação com a microtomografia em 3D permite a visualização interna da estrutura do osso, sem destruí-lo, contrariamente das técnicas tradicionais de diagnósticos, que acontecem nas clínicas médicas.
Segundo a pesquisadora, “as duas técnicas juntas nos fornecem um grande embasamento para caracterizarmos e diagnosticarmos a saúde do osso. Para ela os resultados preliminares são estimulantes em comparação ao exame tradicional usado para diagnosticar a doença. Sendo o primeiro caso, é possível verificar a concentração de minerais nos ossos e, no segundo, o grau de detalhamento da imagem é um milhão de vezes maior, pois as técnicas clínicas ou são destrutivas, como a histomorfometria, ou não possuem resolução (da imagem gerada, por exemplo, na tomografia médica convencional) suficiente para fazer inferência no início do desenvolvimento de problemas estruturais, como por exemplo no início de uma fratura”.
Inayá Lima enfatiza que o fato de o processo ser mais minucioso e não-destrutivo pode auxiliar bastante a prevenção e o tratamento de lesões comuns na medicina esportiva. A velocidade do uso compartilhado dos dois métodos utilizados em comparação ao tradicional também é outro ponto. “O resultado da microfluorescência pode ser obtido em três horas e a microtomografia leva alguns. Já o resultado do exame tradicional leva no mínimo três dias”, afirma.
A parceria com o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron foi fundamental para chegar a essa nova técnica, pois de acordo com Inayá Lima esse é o único laboratório de Luz Síncrotron da América Latina. A pesquisadora cita ainda que pela primeira vez foi realizada uma análise mineral das ossadas com osteoporose no país. Com o resultado obtido, pode-se observar uma concentração bastante heterogênea de cálcio, estrôncio e zinco nesses ossos.
Essa constatação, segundo ela, é de enorme importância para o desenvolvimento de tratamentos, prevenção e desenvolvimento de novas drogas e medicamentos futuros contra a doença. Por isso os próximos passos de sua pesquisa de pós-doutorado são a investigação da atuação de novas drogas que prometem devolver ao osso sua qualidade e também estudar a atuação de outros medicamentos na mesma linha de pesquisa.