A desnutrição é um problema de saúde que vem diminuindo no Brasil e hoje perde espaço para a crescente obesidade da população. Segundo dados de uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2003, 11% dos adultos do país enfrentam a obesidade, enquanto apenas 4% dos brasileiros têm déficit de peso. Porém, a deficiência de nutrientes no organismo, ainda muito comum entre as camadas mais pobres, não é sempre consequência da falta de alimentação. Uma dieta mal estruturada, mesmo que abundante, pode ser a causa da desnutrição.
— Se uma pessoa consome dieta rica em lipídios e deficiente em frutas e hortaliças, pode apresentar deficiência de vitaminas e minerais, ou seja, a desnutrição de micronutrientes — explica Sofia Kimi Uehara, pesquisadora do Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC), da UFRJ.
No entanto, nem sempre a desnutrição é causada pela má escolha ou falta de alimentos apropriados. Em alguns casos ela pode ter origem em uma deficiência de absorção de nutrientes, provocada por doenças intestinais, por exemplo, ou ter causas psicológicas. “Existem vários fatores relacionados ao desenvolvimento da desnutrição, tais como a ingestão insuficiente de alimentos, o aumento do gasto energético, a redução da utilização de nutrientes, além de depressão e ansiedade”, conta a nutricionista.
Segundo Sofia, existem quatro tipos diferentes de desnutrição: marasmo ou desnutrição seca, caracterizada pela deficiência de energia; kwashiorkor ou desnutrição úmida, caracterizada pela deficiência de proteínas; marasmo-kwashiorkor, quando há a falta de energia e proteínas e a desnutrição de micronutrientes, quando a deficiência é de vitaminas e minerais. Todas são prejudiciais à saúde e podem afetar severamente o organismo, debilitando órgãos vitais como cérebro, coração, rins, pulmões e intestinos. Os sintomas comuns aos tipos de desnutrição são a perda de peso involuntária e a atrofia das reservas de gordura e proteína, o que provoca fraqueza física.
Na infância a desnutrição pode ser mais grave, pois compromete o desenvolvimento da criança, podendo deixar sequelas em sua vida adulta. Mas o problema não se restringe a essa fase da vida e atinge homens e mulheres de todas as idades. “Caso a pessoa esteja exposta a algum fator que aumente o risco de desnutrição, como, por exemplo, doenças que aumentam as necessidades energéticas, é importante que ela procure orientação médica para que se faça o diagnóstico”, aconselha Sofia.
O diagnóstico é feito a partir da avaliação clínica do estado nutricional do paciente, levando-se em conta dados sobre sua alimentação e a situação de seu sistema imunológico. “É importante o contato com o nutricionista, que, mediante uma série de avaliações, estabelecerá o tratamento nutricional mais adequado no sentido de recuperar o estado nutricional ou prevenir a desnutrição.” Um dos métodos utilizados no diagnóstico é o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), medido através da fórmula: peso (kg)/estatura (m)2. Um resultado menor que 18,4 já indica peso abaixo do normal. O tratamento da desnutrição é feito através da prescrição de dieta adequada às necessidades do paciente, por isso é importante que se procure a orientação de um nutricionista.