• Edição 167
  • 09 de abril de 2009

Notícias da Semana

Hospital universitário abre primeira UTI neurocirúrgica do Rio

Sidney Coutinho

Com a inauguração da nova Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neurocirúrgica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), na tarde de quarta-feira (8/4), o Rio de Janeiro recupera-se do atraso em relação a outros estados brasileiros no tratamento pós-operatório de pacientes com doenças neurológicas complexas, como aneurismas gigantes ou tumores difíceis. A nova unidade, pioneira no estado, terá quatro leitos e ficará no 13º andar do HUCFF, na Cidade Universitária.

De acordo com o chefe do Serviço de Neurologia, Jorge Marcondes, a equipe será formada por três médicos e sete plantonistas, todos eles neurologistas e neurocirurgiões. “Essa unidade tem equipamentos especiais como o Doppler Transcraniano, o Power Doppler e uma série de outros que permitem fazer o tratamento do paciente neurológico crítico, mas de forma independente. Em outros locais, inclusive na rede privada, esses exames precisam ser agendados”, diz o médico, esclarecendo que a independência da UTI permite detectar as complicações mais rápido e agilizar o tratamento.

Em São Paulo, por exemplo, existem UTI neurocirúrgicas em vários hospitais, como na Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A ideia é fazer a rede estadual de saúde se espelhar na iniciativa do HUCFF. “O nosso papel acadêmico será muito importante. A UTI é pioneira e estamos discutindo com a Secretaria Estadual de Saúde para formar médicos especializados”, informa ele. O treinamento de profissionais possibilitará a abertura de outras unidades pelo estado, tão necessária, segundo Marcondes, nos grandes hospitais.

Outra novidade da UTI neurocirúrgica do HUCFF é a possibilidade de acompanhar remotamente a evolução do paciente 24 horas pela internet. A inovação permite avaliar a função cerebral dos pacientes por eletroencefalografia. ”Se o doente, por exemplo, está em coma porque tem um distúrbio metabólico ou se está com um sofrimento cerebral localizado, específico, pode ser analisado e (o exame) enviado pela internet para a casa da pessoa que mais entende disso. Assim, determina-se o que precisa ser feito. É algo que na rede privada e pública não é feito. Permite uma vigilância cerebral melhor”, explica Jorge Marcondes.

Para Alexandre Cardoso, diretor do HUCFF, a inauguração da UTI responde a uma demanda da sociedade. “Não há uma unidade neurológica dedicada a esse grupo de pacientes no estado. São poucos leitos, apenas quatro, mas significa um avanço muito importante, que a nossa universidade está oferecendo”, diz. Do ponto de vista acadêmico, ele ressalta também a importância de formar recursos humanos para a rede de saúde. “Em um só tempo, prestamos assistência e também estamos formando profissionais altamente especializados para o tratamento da patologia”, finaliza Cardoso.


Alimentos que previnem doenças cardiovasculares

Sofia Moutinho – AgN/PV

No Dia Mundial da Saúde, 7 de abril, a Casa da Ciência recebeu Marcelo Barros, coordenador de nutrição do Instituto Nacional de Cardiologia, para dar a palestra Alimentação: cuidando das vias do coração. O nutricionista alertou sobre os cuidados necessários com alimentação para se evitar as doenças cardiovasculares e relembrou a importância da dieta saudável e da atividade física para quem já teve alguma dessas de doenças.

As doenças cardiovasculares são hoje a principal causa de morte no país, chegam a fazer cerca de 300 mil vítimas por ano. Na maioria dos casos elas não apresentam sintomas, por isso o melhor remédio é a prevenção. “Em 50% das vezes, quando o sintoma aparece é morte súbita, por isso temos que fazer check-up e nos alimentarmos bem”, recomenda o nutricionista.

Essas doenças são geralmente causadas pelo endurecimento e entupimento das artérias por placas de gordura. As mais comuns no Brasil são os Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) e o infarto. Os fatores de risco são muitos: hipertensão arterial, obesidade, colesterol alto, tabagismo, diabetes, sedentarismo, fatores hereditários e estresse.

As chances de desenvolver uma doença cardiovascular podem ser reduzidas com a adoção de algumas medidas simples. O controle da hipertensão, por exemplo, pode diminuir em até 40% o risco de que o paciente sofra um derrame. O sedentarismo, que atinge cerca de 26% da população, pode ser evitado com caminhadas diárias de 30 minutos. “O magrinho sedentário morre mais que o gordinho que pratica atividades físicas”, alerta Marcelo.

Segundo o nutricionista, 13% da população adulta do país são obesos, ou seja, possuem o Índice de Massa Corporal (IMC) maior que 30 kg/m2. A obesidade exige maior esforço do coração e aumenta a chance de desenvolver hipertensão. Além disso, o acúmulo de gordura acarreta o surgimento de inflamações nos vasos sanguíneos propiciando a formação das placas de gordura que os entopem. Marcelo recomenda a redução de 5 a 10% do peso para quem possui o IMC acima do normal: “Essa redução já é significativa na melhora da saúde como um todo.”

Para prevenir a doença cardiovascular, o nutricionista recomenda a dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), guia de alimentação, desenvolvido pelo governo norte-americano, para reduzir e evitar a hipertensão a partir da redução do sal e do consumo de determinados alimentos como peixe, azeite, iogurte, aveia, soja, beterraba e folhosas verdes.

O azeite atua no controle do nível de açúcar no sangue e impede os processos inflamatórios, além de aumentar também o bom colesterol, HDL, que “limpa os vasos sanguíneos”. Marcelo recomendou o consumo de duas colheres de sopa de azeite por dia e de sobremesa para quem está acima do peso. A aveia deve ser ingerida na medida de quatro colheres de sopa ao dia; ela auxilia na função intestinal, impedindo a prisão de ventre, um dos fatores que dificultam a perda de peso, e aumenta o bom colesterol. A soja, em forma de farinha, proteína e tofu, é recomendada, pois controla o açúcar no sangue, além de prevenir a osteoporose e o câncer.

Peixes possuem a gordura ômega 3, que diminui o processo inflamatório, devendo ser consumidos de duas a três vezes na semana. Nozes e castanhas também têm essa substância: deve-se comer uma por dia. Marcelo contou que o consumo de um potinho de iogurte por dia diminui em 10% o colesterol, o que significa a queda de 20% nas chances de desenvolver doença cardiovascular. As vitaminas, encontradas em diversas frutas e legumes, também são decisivas para a boa alimentação, pois agem como antioxidantes que capturam os radicais livres, moléculas ligadas ao processo de envelhecimento dos vasos sanguíneos.

Marcelo esclareceu que o ovo não faz mal, desde que nunca se tenha tido algum problema no coração. O consumo recomendado é de quatro unidades por semana, porém um ovo contém cerca de 213 mg de colesterol, quantidade alta para quem já teve algum problema. Muita gente pensa que o queijo minas é mais saudável que o amarelo; no entanto, Marcelo contou que ambos possuem quase a mesma quantidade de gordura e recomendou a substituição por ricota ou requeijão light.

A velha lenda de que beber vinho faz bem ao coração foi melhor explicada pelo nutricionista: “Foi feito um trabalho que mostrou que quem bebe morre menos de doenças cardiovasculares; mas se você nunca bebeu, não comece a beber, há outras maneiras de diminuir os fatores de risco sem a bebida alcoólica”, disse, comentando ainda que o álcool deve ser evitado por quem tem ácido úrico ou triglicerídios altos.

Marcelo contou que temperos industrializados, sucos de garrafa, enlatados e adoçantes à base de aciclamato de sódio devem ser evitados, pois possuem sais em sua composição, o que aumenta a pressão sanguínea e os riscos de infarto ou derrame. As frituras, comidas gordurosas, carnes embutidas e víceras, como fígado, moela, língua e coração de galinha, também estão vetados. O alimento frito possui alto valor calórico e essas carnes, alto índice de “colesterol mau”, o LDL. “Um só coração de galinha possui mil miligramas de colesterol, o equivalente ao que se pode comer em 5 dias”, explicou o nutricionista.

Além do consumo desses alimentos, o nutricionista aconselhou que não se fique mais de três horas sem comer e que se mastigue bem durante as refeições, que devem ser feitas sem a ingestão de líquidos. “Não tomar café da manhã é um grande erro. Quanto mais tempo sem comer, mais lento fica o metabolismo e o organismo não consegue fazer a digestão”, completou o nutricionista.

Marcelo mostrou que a alimentação saudável e a fuga do sedentarismo são fundamentais na prevenção de doenças cardiovasculares. Diante da tentação por guloseimas, o recado do nutricionista é que se pense o seguinte: “Te amarei sempre, mas não todos os dias.”


Salve, Jorge!

Cília Monteiro

Em comemoração aos 70 anos do professor Jorge Almeida Guimarães, uma solenidade no auditório Rodolpho Paulo Rocco aconteceu na última sexta-feira (3/4). Atual presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o professor já dirigiu o Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da UFRJ. Presentes à mesa estavam Aloísio Teixeira, reitor da UFRJ, Débora Foguel, diretora do Instituto de Bioquímica Médica (IBqM) da UFRJ, e Roberto Lent, diretor do ICB.

Débora Foguel destacou a contribuição de Jorge Almeida no desenvolvimento de um sólido e qualificado programa nacional de pós-graduação. Para a diretora, ele pode ser considerado um arquiteto, pois “no desempenho de seu papel profissional, o professor Jorge contribuiu expressivamente para projetar, remodelar e esculpir a história da ciência e da educação em todo o país”.

A diretora também mencionou o modelo de avaliação proposto pelo presidente da Capes para a educação básica. “Graças à contribuição do nosso querido Jorge, com um modelo vitorioso, vemos chegar às escolas de todo o país a preocupação com a avaliação”, declarou. Segundo Débora, o projeto de Jorge contribuirá expressivamente para a qualificação da formação no Brasil. “Do Vigiar e punir, de Foucault, evoluímos para um sistema colaborador, fraterno e solidário”, aponta a diretora. Por fim, ela comparou o brilho de Jorge Almeida ao de uma estrela, que reluz em verde e amarelo. “Ele representa o que idealizamos como um cidadão brasileiro completo”, afirma.

Roberto Lent ressaltou a importância de Jorge Almeida no início da trajetória do ICB. “Ele foi instrumento de institucionalização da pesquisa científica, sempre priorizou a capacidade criativa dos grupos”, indica. Ele considera louvável a capacidade que Jorge tem de “colocar a ciência em tudo”, expressão que, segundo Lent, costumava ser bastante utilizada pelo homenageado. “Torço para que, a partir de 2010, Jorge seja o novo Ministro da Educação”, expõe.

Leopoldo de Meis, professor do IBqM, também fez um discurso em homenagem a Jorge. “O professor Jorge é um amante da ciência. Ele é quem mais conhece a ciência brasileira em todo o país”, declarou. Em seguida, exibiu gráficos que demonstravam o aumento do número de bolsas de pós-graduação concedidas durante a gestão de Jorge como presidente da Capes. Por fim, o reitor Aloísio Teixeira agradeceu toda a contribuição de Jorge Almeida, e sintetizou o discurso apontando-o como um exemplo.