Com a inauguração da nova Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neurocirúrgica do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), na tarde de quarta-feira (8/4), o Rio de Janeiro recupera-se do atraso em relação a outros estados brasileiros no tratamento pós-operatório de pacientes com doenças neurológicas complexas, como aneurismas gigantes ou tumores difíceis. A nova unidade, pioneira no estado, terá quatro leitos e ficará no 13º andar do HUCFF, na Cidade Universitária.
De acordo com o chefe do Serviço de Neurologia, Jorge Marcondes, a equipe será formada por três médicos e sete plantonistas, todos eles neurologistas e neurocirurgiões. “Essa unidade tem equipamentos especiais como o Doppler Transcraniano, o Power Doppler e uma série de outros que permitem fazer o tratamento do paciente neurológico crítico, mas de forma independente. Em outros locais, inclusive na rede privada, esses exames precisam ser agendados”, diz o médico, esclarecendo que a independência da UTI permite detectar as complicações mais rápido e agilizar o tratamento.
Em São Paulo, por exemplo, existem UTI neurocirúrgicas em vários hospitais, como na Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A ideia é fazer a rede estadual de saúde se espelhar na iniciativa do HUCFF. “O nosso papel acadêmico será muito importante. A UTI é pioneira e estamos discutindo com a Secretaria Estadual de Saúde para formar médicos especializados”, informa ele. O treinamento de profissionais possibilitará a abertura de outras unidades pelo estado, tão necessária, segundo Marcondes, nos grandes hospitais.
Outra novidade da UTI neurocirúrgica do HUCFF é a possibilidade de acompanhar remotamente a evolução do paciente 24 horas pela internet. A inovação permite avaliar a função cerebral dos pacientes por eletroencefalografia. ”Se o doente, por exemplo, está em coma porque tem um distúrbio metabólico ou se está com um sofrimento cerebral localizado, específico, pode ser analisado e (o exame) enviado pela internet para a casa da pessoa que mais entende disso. Assim, determina-se o que precisa ser feito. É algo que na rede privada e pública não é feito. Permite uma vigilância cerebral melhor”, explica Jorge Marcondes.
Para Alexandre Cardoso, diretor do HUCFF, a inauguração da UTI responde a uma demanda da sociedade. “Não há uma unidade neurológica dedicada a esse grupo de pacientes no estado. São poucos leitos, apenas quatro, mas significa um avanço muito importante, que a nossa universidade está oferecendo”, diz. Do ponto de vista acadêmico, ele ressalta também a importância de formar recursos humanos para a rede de saúde. “Em um só tempo, prestamos assistência e também estamos formando profissionais altamente especializados para o tratamento da patologia”, finaliza Cardoso.
No Dia Mundial da Saúde, 7 de abril, a Casa da Ciência recebeu Marcelo Barros, coordenador de nutrição do Instituto Nacional de Cardiologia, para dar a palestra Alimentação: cuidando das vias do coração. O nutricionista alertou sobre os cuidados necessários com alimentação para se evitar as doenças cardiovasculares e relembrou a importância da dieta saudável e da atividade física para quem já teve alguma dessas de doenças.
As doenças cardiovasculares são hoje a principal causa de morte no país, chegam a fazer cerca de 300 mil vítimas por ano. Na maioria dos casos elas não apresentam sintomas, por isso o melhor remédio é a prevenção. “Em 50% das vezes, quando o sintoma aparece é morte súbita, por isso temos que fazer check-up e nos alimentarmos bem”, recomenda o nutricionista.
Essas doenças são geralmente causadas pelo endurecimento e entupimento das artérias por placas de gordura. As mais comuns no Brasil são os Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) e o infarto. Os fatores de risco são muitos: hipertensão arterial, obesidade, colesterol alto, tabagismo, diabetes, sedentarismo, fatores hereditários e estresse.
As chances de desenvolver uma doença cardiovascular podem ser reduzidas com a adoção de algumas medidas simples. O controle da hipertensão, por exemplo, pode diminuir em até 40% o risco de que o paciente sofra um derrame. O sedentarismo, que atinge cerca de 26% da população, pode ser evitado com caminhadas diárias de 30 minutos. “O magrinho sedentário morre mais que o gordinho que pratica atividades físicas”, alerta Marcelo.
Segundo o nutricionista, 13% da população adulta do país são obesos, ou seja, possuem o Índice de Massa Corporal (IMC) maior que 30 kg/m2. A obesidade exige maior esforço do coração e aumenta a chance de desenvolver hipertensão. Além disso, o acúmulo de gordura acarreta o surgimento de inflamações nos vasos sanguíneos propiciando a formação das placas de gordura que os entopem. Marcelo recomenda a redução de 5 a 10% do peso para quem possui o IMC acima do normal: “Essa redução já é significativa na melhora da saúde como um todo.”
Para prevenir a doença cardiovascular, o nutricionista recomenda a dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), guia de alimentação, desenvolvido pelo governo norte-americano, para reduzir e evitar a hipertensão a partir da redução do sal e do consumo de determinados alimentos como peixe, azeite, iogurte, aveia, soja, beterraba e folhosas verdes.
O azeite atua no controle do nível de açúcar no sangue e impede os processos inflamatórios, além de aumentar também o bom colesterol, HDL, que “limpa os vasos sanguíneos”. Marcelo recomendou o consumo de duas colheres de sopa de azeite por dia e de sobremesa para quem está acima do peso. A aveia deve ser ingerida na medida de quatro colheres de sopa ao dia; ela auxilia na função intestinal, impedindo a prisão de ventre, um dos fatores que dificultam a perda de peso, e aumenta o bom colesterol. A soja, em forma de farinha, proteína e tofu, é recomendada, pois controla o açúcar no sangue, além de prevenir a osteoporose e o câncer.
Peixes possuem a gordura ômega 3, que diminui o processo inflamatório, devendo ser consumidos de duas a três vezes na semana. Nozes e castanhas também têm essa substância: deve-se comer uma por dia. Marcelo contou que o consumo de um potinho de iogurte por dia diminui em 10% o colesterol, o que significa a queda de 20% nas chances de desenvolver doença cardiovascular. As vitaminas, encontradas em diversas frutas e legumes, também são decisivas para a boa alimentação, pois agem como antioxidantes que capturam os radicais livres, moléculas ligadas ao processo de envelhecimento dos vasos sanguíneos.
Marcelo esclareceu que o ovo não faz mal, desde que nunca se tenha tido algum problema no coração. O consumo recomendado é de quatro unidades por semana, porém um ovo contém cerca de 213 mg de colesterol, quantidade alta para quem já teve algum problema. Muita gente pensa que o queijo minas é mais saudável que o amarelo; no entanto, Marcelo contou que ambos possuem quase a mesma quantidade de gordura e recomendou a substituição por ricota ou requeijão light.
A velha lenda de que beber vinho faz bem ao coração foi melhor explicada pelo nutricionista: “Foi feito um trabalho que mostrou que quem bebe morre menos de doenças cardiovasculares; mas se você nunca bebeu, não comece a beber, há outras maneiras de diminuir os fatores de risco sem a bebida alcoólica”, disse, comentando ainda que o álcool deve ser evitado por quem tem ácido úrico ou triglicerídios altos.
Marcelo contou que temperos industrializados, sucos de garrafa, enlatados e adoçantes à base de aciclamato de sódio devem ser evitados, pois possuem sais em sua composição, o que aumenta a pressão sanguínea e os riscos de infarto ou derrame. As frituras, comidas gordurosas, carnes embutidas e víceras, como fígado, moela, língua e coração de galinha, também estão vetados. O alimento frito possui alto valor calórico e essas carnes, alto índice de “colesterol mau”, o LDL. “Um só coração de galinha possui mil miligramas de colesterol, o equivalente ao que se pode comer em 5 dias”, explicou o nutricionista.
Além do consumo desses alimentos, o nutricionista aconselhou que não se fique mais de três horas sem comer e que se mastigue bem durante as refeições, que devem ser feitas sem a ingestão de líquidos. “Não tomar café da manhã é um grande erro. Quanto mais tempo sem comer, mais lento fica o metabolismo e o organismo não consegue fazer a digestão”, completou o nutricionista.
Marcelo mostrou que a alimentação saudável e a fuga do sedentarismo são fundamentais na prevenção de doenças cardiovasculares. Diante da tentação por guloseimas, o recado do nutricionista é que se pense o seguinte: “Te amarei sempre, mas não todos os dias.”
Em comemoração aos 70 anos do professor Jorge Almeida Guimarães, uma solenidade no auditório Rodolpho Paulo Rocco aconteceu na última sexta-feira (3/4). Atual presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o professor já dirigiu o Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da UFRJ. Presentes à mesa estavam Aloísio Teixeira, reitor da UFRJ, Débora Foguel, diretora do Instituto de Bioquímica Médica (IBqM) da UFRJ, e Roberto Lent, diretor do ICB.
Débora Foguel destacou a contribuição de Jorge Almeida no desenvolvimento de um sólido e qualificado programa nacional de pós-graduação. Para a diretora, ele pode ser considerado um arquiteto, pois “no desempenho de seu papel profissional, o professor Jorge contribuiu expressivamente para projetar, remodelar e esculpir a história da ciência e da educação em todo o país”.
A diretora também mencionou o modelo de avaliação proposto pelo presidente da Capes para a educação básica. “Graças à contribuição do nosso querido Jorge, com um modelo vitorioso, vemos chegar às escolas de todo o país a preocupação com a avaliação”, declarou. Segundo Débora, o projeto de Jorge contribuirá expressivamente para a qualificação da formação no Brasil. “Do Vigiar e punir, de Foucault, evoluímos para um sistema colaborador, fraterno e solidário”, aponta a diretora. Por fim, ela comparou o brilho de Jorge Almeida ao de uma estrela, que reluz em verde e amarelo. “Ele representa o que idealizamos como um cidadão brasileiro completo”, afirma.
Roberto Lent ressaltou a importância de Jorge Almeida no início da trajetória do ICB. “Ele foi instrumento de institucionalização da pesquisa científica, sempre priorizou a capacidade criativa dos grupos”, indica. Ele considera louvável a capacidade que Jorge tem de “colocar a ciência em tudo”, expressão que, segundo Lent, costumava ser bastante utilizada pelo homenageado. “Torço para que, a partir de 2010, Jorge seja o novo Ministro da Educação”, expõe.
Leopoldo de Meis, professor do IBqM, também fez um discurso em homenagem a Jorge. “O professor Jorge é um amante da ciência. Ele é quem mais conhece a ciência brasileira em todo o país”, declarou. Em seguida, exibiu gráficos que demonstravam o aumento do número de bolsas de pós-graduação concedidas durante a gestão de Jorge como presidente da Capes. Por fim, o reitor Aloísio Teixeira agradeceu toda a contribuição de Jorge Almeida, e sintetizou o discurso apontando-o como um exemplo.