A distribuição irregular e o uso indevido da água têm contribuído cada vez mais para o risco de escassez do recurso hídrico. A Escola Politécnica (Poli/UFRJ) planeja a implantação do projeto “Águas de Reúso UFRJ”, a partir do qual os esgotos tratados no Centro Experimental de Tratamento de Esgoto da UFRJ (CETE/UFRJ) passarão a ser utilizados na irrigação dos jardins e canteiros da universidade através de caminhão-pipa da prefeitura universitária.
Além da possível economia de água, o projeto pode, na opinião do professor Isaac Volschan, coordenador do CETE e responsável pela iniciativa, levar a outras ações de conservação e uso racional da água.
O Centro Experimental de Tratamento de Esgoto da UFRJ, localizado próximo ao acesso da Linha Amarela na Cidade Universitária, é uma iniciativa do Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (DRHIMA-Poli/UFRJ). Trata-se de um laboratório dotado de 12 diferentes operações e processos unitários de tratamento de esgotos e que utiliza parte do esgoto gerado pela Cidade Universitária.
No Centro Experimental
Os esgotos a serem utilizados na irrigação passarão por processos secundários de tratamento que permitirão a remoção de sólidos suspensos e matéria orgânica, por unidades de filtração em areia para remoção de turbidez e por processo de desinfecção para remoção de organismos patogênicos, resultando na água que será utilizada na irrigação. O caminhão-pipa que, segundo informou o professor Erickson Almendra, Diretor da Escola Politécnica, tem capacidade para cerca de mil litros, vai ser abastecido no Centro Experimental para posteriormente realizar a rega das plantas. “A partir do momento em que demonstrarmos a viabilidade do projeto, encontraremos um motivo para adquirir um caminhão com capacidade para até 10 mil litros que facilite a utilização.”
O projeto, de acordo com o professor Isaac Volschan, tem potencial para abranger os gramados centrais dos eixos viários, os cultivos do horto UFRJ e os gramados externos do CENPES I e II (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello), CEPEL (Centro de Pesquisas de Energia Elétrica), CETEM (Centro de Tecnologia Mineral), EMBRATEL e da própria UFRJ. Para demonstrar a viabilidade da iniciativa, a rega deve ocorrer apenas em um trecho da Cidade Universitária, nos canteiros centrais, embora isso ainda não tenha sido confirmado.
De acordo com o coordenador do projeto, a implantação deve ocorrer ainda no primeiro semestre de 2009. “Para que entre em vigor são necessários alguns entendimentos com a prefeitura da UFRJ e a reitoria, além de pequenas obras de adaptação e suporte de mão-de-obra especializada para operação do sistema.” A previsão é de que a rega ocorra em média duas vezes por semana, o que vai depender da demanda hídrica de cada planta e da ocorrência de chuvas.
Anteriormente, no CETE/UFRJ, entre 2004 e 2006, e no âmbito do Programa de Pesquisas em Saneamento Básico (PROSAB) da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), foi desenvolvido projeto que consistia no uso agrícola de esgotos sanitários tratados segundo diferentes processos e graus de tratamento. Tal programa, do qual participaram outras 15 universidades, resultou no estabelecimento de recomendações para o uso de esgotos sanitários na agricultura, o que foi encampado pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) e contribuiu para o desenvolvimento do projeto “Águas de Reúso UFRJ”.