O meio ambiente da Cidade Universitária já sofreu pesadas intervenções, que trouxeram consequências para sua fauna e flora. No entanto, a consciência de preservação da natureza no território universitário veio ganhando força com o passar do tempo. Nos últimos anos, a área do campus passou por processos de reflorestamento e recuperação do manguezal.
Esses procedimentos fizeram com que espécies de aves retornassem às áreas verdes do local. O assunto rendeu: o engenheiro Alfredo Heleno de Oliveira defendeu uma monografia sobre a avifauna da Cidade Universitária, trabalho apresentado em abril deste ano para a conclusão do curso de Formação Profissional do Núcleo de Ciências Ambientais (NADC) da UFRJ.
Alfredo revelou que seu interesse por aves é antigo. “Sou membro do Clube de Observadores de Aves (COA-RJ) e, durante três décadas, observei e colecionei informações sobre a avifauna da Cidade Universitária”, relata. De acordo com ele, existem mais de 140 espécies de aves listadas no campus. Dessas, mais de 60% podem ser vistas ao longo do ano.
— O estabelecimento das aves se dá pela adaptação ao ambiente, que acontece ao longo do tempo — explica o engenheiro. Segundo ele, no caso do campus, a natureza apresenta áreas verdes, que são locais que já possuem algumas espécies típicas. Exemplos da diversidade encontrada nos verdes da universidade são a garça azul, a coruja-da-igreja e o colheireiro, aves um tanto quanto exóticas.
Conhecer para preservar
— A alteração do ambiente, seja pela eliminação ou modificação da cobertura vegetal existente, seja através da revegetação, é que vai afetar a composição da avifauna — observa. Nestes casos, tanto pode haver eliminação de espécies, como substituição. “Geralmente há um empobrecimento, pelo menos em curto prazo”, aponta Alfredo.
Para o engenheiro, apesar do enriquecimento da avifauna que a recuperação dos manguezais trouxe, é preciso cuidado com a intensificação da ocupação que vem ocorrendo no campus. “Profundas e generalizadas alterações ambientais tornaram-se motivo para grandes preocupações quanto ao futuro de diversas espécies”, adverte.
— A verdade é que a comunidade universitária pouco conhece o campus. É fundamental que se conheça a grande riqueza da avifauna da Cidade Universitária, bem como outras formas de vida, animal e vegetal. Isso acontecendo, talvez a maneira como a ocupação vem se dando seja repensada. Assim, medidas compensatórias ou mitigadoras de impactos podem ser consideradas e implementadas — conclui Alfredo Heleno de Oliveira.