No Carnaval, o produto   que mais vemos sendo vendido é a cerveja. O consumo de bebidas alcoólicas   nesta época do ano aumenta, e é comum que pessoas pequem pelo excesso.   Mas o que fazer quando acordamos com a conhecida ressaca? O Olhar   Vital conversou com a professora Valeria Bender Bráulio, nutróloga   do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), para entender   melhor o que causa esse mal-estar. 
  
“A ressaca acontece   quando se consome álcool em maior quantidade que o organismo consegue   metabolizar”, explica a professora, ressaltando que a absorção,   que começa no estômago, é diferente entre homens e mulheres. “Os   homens têm uma barreira de 40% a mais que a mulher já no estomago,   onde existem enzimas que quebram o etanol. Ou seja, se um homem toma   dois copos de cerveja, a mulher só deve tomar um.” 
  
Segundo a nutróloga,   o processo de ressaca começa na própria ingestão do álcool, já   que o etanol inibe o hormônio antidiurético e provoca elevação do   volume urinário. Ao urinar mais, a pessoa acaba desidratada. Além   disso, o etanol é transformado por enzimas no composto acetaldeído,   que provoca a vasodilatação. Assim, somando essas duas ações, quem   bebeu demais acaba com dor de cabeça. 
  
Mas os efeitos não   acabam aí. O etanol, muito abrasivo, causa pequenas erosões nas paredes   do estômago. Assim, forma-se a gastrite aguda, que misturada com a   toxicidade do acetaldeído resulta em mal-estar gástrico e enjoos. 
  
Outro efeito que o etanol tem é o de inibir a gliconeogênese, ou seja, a formação de glicose no fígado. Portanto, a ingestão de álcool pode causar hipoglicemia, resultando na necessidade de “tomar glicose” nos hospitais.
A professora Valéria   explica que para evitar a ressaca, em primeiro lugar, deve-se beber   com moderação. “Também não se   pode beber de estômago vazio, para que o álcool tenha tempo de ser   metabolizado pelo organismo.” Ela diz   que a comida no estômago faz com que a absorção seja mais lenta,   além de dar material para formação da enzima que transforma o acetaldeído   em acetato,  composto que não é tóxico e é absorvido pelo organismo   em forma de gordura. Por isso, a nutróloga alerta que álcool em excesso   pode resultar também naquela “barriguinha”. 
  
Já para evitar   a desidratação, é necessária a ingestão de líquidos juntamente   com a bebida alcoólica. Valéria indica tomar um copo de bebida e dois   de água para manter-se sempre hidratado. Mas também vale refrigerantes   e sucos, que contêm glicose. “O importante é colocar para dentro   o que a gente não está produzindo”, diz a nutróloga. 
  
Quando a ressaca já está instaurada, o remédio é o tempo. O álcool leva 16 horas para sair totalmente do organismo, e até lá é provável que a pessoa sofra as consequências do excesso de bebida. Enquanto isso, deve-se repor os líquidos perdidos, comer (com moderação) para repor a necessidade energética do corpo e esperar até poder sair de casa para pular o Carnaval novamente.