Para auxiliar pessoas que cuidam de pacientes com Mal de Alzheimer, com orientações sobre a medicação, a alimentação e a vigilância do paciente, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF- UFRJ) montou um grupo de apoio que dá a preparação técnica para exercer a atividade, além de fazer reuniões para trocar experiências e receber dicas.
Diminuição da memória, dificuldade no raciocínio e pensamento e alterações comportamentais devido à degeneração de algumas células neurais são sintomas da doença, que levam os pacientes a necessitar de cuidados constantes e, geralmente, prestados por alguém da família.
O grupo é coordenado pela assistente social Eliza Regina Ambrósio, chefe do Serviço Social do HUCFF. A cada 15 dias, ele se reúne na sala 135 do HUCFF, entre 14h30 e 16h30. “A gente tenta instrumentalizar os familiares para que eles entendam melhor o que está acontecendo”, explicou a coordenadora.
A ideia surgiu a partir de uma necessidade observada pela própria assistente social. “Existe pouca infraestrutura para ajudar as famílias. Quem lida com paciente de Alzheimer sabe que a família fica muito sobrecarregada, e ela não tem uma proteção ou alguém que colabore com ela”, explicou Eliza.
Quando um paciente do hospital é identificado como portador do Mal de Alzheimer, é encaminhado para esse grupo juntamente com algum familiar. Lá, eles recebem orientações sobre a doença e como lidar com o paciente. “O cuidado é uma relação de mão dupla, eu recebo seu cuidado e você cuida de mim. Mas, às vezes, o paciente reage agressivamente ao cuidado, pelo fato de o cuidador impor uma disciplina ou por uma abordagem errada dessa disciplina”, informou Eliza.
O grupo também faz parte de uma política de combate à violência contra o idoso que o hospital desenvolve. Segundo a assistente social, a ideia geral é que o único modo de combater a violência é a denúncia, mas não é dessa maneira que equipe do HUCFF trabalha. “A gente quer acabar com a violência, e não só denunciar”, afirmou.
Um estudo feito pelo setor de geriatria do HUCFF, em colaboração com o Instituto de Medicina Social da UERJ, apontou que cerca de 10,1% dos idosos são vítimas de algum tipo de violência doméstica (física, psicológica, financeira, negligência ou abandono) e 7,9% especificamente violência física. De acordo com Eliza, essa pesquisa vem para complementar os dados antigos e atualizá-los. “Nós temos o conhecimento sobre a violência contra o idoso, mas a gente tem até certo tempo”, disse.
Para a coordenadora, o grupo é um importante meio de conscientizar os cuidadores a fim de que a convivência com o paciente seja o mais tranquila possível. “Às vezes o cuidador reclama que o paciente está agressivo, mas não sabe que isso é consequência de algum ato seu, que sem a intenção acaba agredindo o paciente”, afirmou. Conhecendo melhor a doença e os efeitos sofridos pelo paciente, fica mais fácil compreendê-lo e lidar com ele.