Maricá será a primeira cidade do Leste Fluminense a firmar um convênio de ensino, pesquisa e extensão com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “A ideia é que no dia 30 de maio, quando ocorrem os festejos pelo aniversário da cidade (26/4), o prefeito Washington Quaquá assine o documento, que está sob análise da Procuradoria do Município”, informou a coordenadora substituta de extensão do Centro de Ciências da Saúde (CCS), Florence Brasil.
Distante 60 quilômetros do Rio de Janeiro, a cidade acolheu no dia 17 de abril uma apresentação realizada por Florence Brasil e pelos professores Wagner Seixas da Silva, do Instituto de Bioquímica Médica (IBqM), e Márcia Trotta, do Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo do Instituto de Doenças do Tórax (IDT). O evento aconteceu na Casa Digital, no centro de Maricá, e contou com a participação de representantes das secretarias municipais de Urbanismo, Ciência e Tecnologia, Cultura, dentre outras.
Florence Brasil deu uma panorâmica da UFRJ e do que a Universidade pode oferecer a Maricá, abrindo espaço para a palestra do professor Wagner da Silva. O professor do IBqM destacou diversos trabalhos desenvolvidos pelo instituto, sobretudo os cursos experimentais criados pelo professor Leopoldo de Méis, para aproximar o conhecimento da ciência da sociedade.
Logo em seguida, a professora Márcia Trotta abordou as diversas formas de prevenir a iniciação em álcool e tabaco, mostrando o trabalho “Transformando Potencialidade em Futuro”. Segundo ela, as atividades recebem grande aceitação em escolas públicas do Rio de Janeiro, que começam a entender a importância de ensinar às crianças a se afastarem das drogas lícitas o mais cedo possível.
De acordo com Florence Brasil, nos dias 29 e 30 de maio, na praça principal da cidade, diversos trabalhos realizados no CCS deverão ser apresentados para a comunidade conhecer melhor a UFRJ. Para a ocasião, especialmente o IBqM, a coordenadoria de graduação de Fonoaudiologia, o IDT e a coordenação do Projeto Transformando Potencialidades preparam diversas outras atividades. No sábado, o prefeito Washington Quaquá assina o convênio na Câmara dos Vereadores.
— O trabalho de contato com os municípios faz parte das metas do Programa Saúde e Educação para a Cidadania, que tem como objetivo a articulação e o estreitamento com as cidades do Leste e Baixada Fluminense — afirmou ela.
O secretário de Urbanismo e Ambiente, Alan Novais, responsável pelo acompanhamento do processo de assinatura do convênio, afirmou que “a importância da universidade, produtora e disseminadora do conhecimento, é sem sombra de dúvidas de especial relevância para que o município possa se apropriar de saber e informações, melhorando o trabalho com o contato com alunos, professores e técnicos da UFRJ”.
“O médico como paciente” foi o tema debatido na manhã dessa quarta-feira (29/04) pelo Centro de Estudos Professora Lúcia Spitz, do Serviço de Psiquiatria e Psicologia Médica. O evento, que teve como convidados os médicos Delta Madureira (Cirurgia Geral), Wolmar Pulcheri (Hematologia) e Ricardo Caminha (Clínica Médica), procurou abordar as questões que envolvem o tratamento de um paciente que tem como característica marcante o conhecimento de causa acerca de saúde e do procedimento a que está se submetendo.
De acordo com o doutor Delta Madureira, o primeiro problema do médico ao buscar tratamento é escolher o cirurgião que vai operá-lo ou tratá-lo. Segundo ele, por se tratar de seu meio profissional, o médico conhece quais são os melhores especialistas da área. Sendo assim, é uma honra e um grande reconhecimento ser requisitado para tratar um colega.
Outro problema apontado por Madureira é a vontade do médico de interferir no tratamento, embora com a ressalva de esse caso não ser o mais comum. Ele ilustrou essas dificuldades utilizando exemplos baseados em sua experiência.
— Um professor meu levou oito meses tendo crise para resolver operar. Até que a situação se agravou e ele então realizou a operação — conta Delta. Ele explica que o medo muitas vezes leva o médico a querer resistir a um procedimento pelo maior tempo possível, e por isso acaba adiando o tratamento. Delta Madureira conclui afirmando que o ideal é não fazer concessões e tratar o médico da mesma maneira que o paciente leigo.
O doutor Wolmar Pulcheri iniciou sua apresentação reiterando a afirmação de Madureira de que não há tratamento diferenciado. Segundo ele, existe apenas o acréscimo de que o médico tem maior conhecimento das consequências do que o leigo. “Uma paciente leiga disse para mim poucas semanas atrás: ‘Deve ser difícil para o médico ficar doente.’ Isso ocorre porque ele tem uma visão muito mais clara do que é ficar doente.” Como decorrência disso Pulcheri explica que o médico-paciente tende a evitar os sintomas e diminuir ou minimizar sua importância.
O desafio, segundo Pulcheri, é não deixar o comando nas mãos do paciente. Não se pode evitar que ele dê um palpite, mas isso deve ser mantido sob controle. Ele ainda apontou que muitas vezes o médico-paciente tem excessiva preocupação com os procedimentos e comentários do pessoal de apoio (como enfermeiros) e que também pode ter certa tendência a decidir o momento da alta.
Por fim, o doutor Ricardo Caminha ressaltou a importância do tema e chamou a atenção para um detalhe. Ele crê que, quanto mais complexa e distinta de sua especialidade é a patologia, menos o médico-paciente tende a interferir.
Através de sua experiência pessoal, Caminha revela que em geral os médicos-pacientes não costumam fazer check-up e evitam consultas, preferindo pedir ao colega que “dê uma olhadinha”. Ele conclui fazendo um alerta de que o paciente não é um colaborador e, portanto, deve confiar no profissional que o atende da mesma forma que o leigo.