• Edição 186
  • 27 de agosto de 2009

Por uma boa causa

Classificação livre: exercício físico em qualquer idade

Beatriz da Cruz


Encerrando a série de reportagens do Por uma boa causa do mês de agosto, que abordou hábitos para uma vida saudável, esta edição traz o tema “exercício físico”. Não adianta fazer cara feia, ficar com preguiça ou dizer que é cansativo. A atividade é muito importante para manter uma boa saúde e deve ser praticada não apenas nos meses que antecedem o verão, como muitos fazem, mas com frequência.

De acordo com Roberto Simão, professor da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ (EEFD/UFRJ), os efeitos desse hábito se estendem além do aspecto físico. “A prática da atividade física, quando bem orientada, promove benefícios em todos os sistemas orgânicos. Não podendo ficar de fora, também afeta positivamente o sistema psicológico. A literatura científica hoje é congruente em afirmar melhoras das mais simples dores de cabeça e até benefício físico em portadores de diversos tipos de câncer”, conta o professor.

Segundo ele, as principais entidades mundiais, dentre elas o American College of Sports Medicine e o American Heart Association, apontam benefícios da prática de exercícios físicos na saúde e no combate a diversas enfermidades que acometem os seres humanos, como obesidade, diabetes, osteoporose e câncer. “Atualmente a principal epidemia mundial é a hipocinesia (ausência de movimento). Através da falta de atividade física, diversas doenças se desenvolvem rapidamente e afetam negativamente a saúde e a qualidade de vida”, diz o Simão.

A obesidade e o sobrepeso nos últimos anos têm aumentado muito em alguns países devido principalmente à cultura de maus hábitos alimentares e à falta de atividade física. A doença, que já atinge 63% da população norte-americana e 40% da população brasileira, é perigosa por poder gerar diversos males.

Roberto afirma que não há idade mínima ou máxima, qualquer um pode e deve praticar atividades físicas. “O importante é que seja bem orientado, respeitando o princípio número um do treinamento físico que é a individualidade biológica. Talvez o mais importante não seja começar, mas sim manter a prática. Para que isso ocorra o exercício escolhido deve ser prazeroso”, orienta o professor.

A recomendação do American College of Sports Medicine é de que as atividades tenham mais ou menos uma hora e sejam praticadas três vezes por semana. “No entanto, muitas pessoas não disponibilizam esse tempo, e as evidências científicas demonstram que mesmo uma vez por semana já causa algum tipo de beneficio”, aponta Roberto.

Quanto à carga, ela deve sempre ser uma que permita a realização do exercício de forma confortável. “Essa forma de controle através da percepção do esforço deve ser respeitada principalmente por aqueles que não possuem o hábito da atividade física. O ideal é que o indivíduo sempre passe por uma avaliação médica e seja orientado por um profissional de Educação Física”, orienta o especialista.

O ideal, portanto, é achar um exercício que seja agradável e prazeroso. Muitas academias hoje investem em atividades alternativas, inspiradas em circo e danças, que fogem do modelo tradicional, proporcionando lazer, em vez de serem maçantes.

Terceira Idade

Idosos também devem cuidar da saúde do corpo. Apesar de apresentarem condições limitantes para a prática de exercícios, isso não anula a necessidade da prática.

Na opinião de Roberto, o fato de muitos idosos não estarem acostumados a realizar exercícios aumenta a necessidade de se começar com atividades leves e prazerosas. Para os que já possuem anos de treinamento, o mais importante é o controle médico periódico para avaliar a intensidade dos exercícios.

"Não existe a melhor atividade, e sim um conjunto delas. Normalmente o idoso deve se preocupar com sua capacidade aeróbia, muscular e óssea. Ao usar o exemplo das academias eu diria que fazer atividade aeróbia (20-30 minutos), musculação (carga moderada) e alongamento promove benefícios na vida de um idoso", conclui o professor.