• Edição 161
  • 26 de fevereiro de 2009

Microscópio

UFRJ duplica instalações em Macaé

Sidney Coutinho – AgN/CT

Com a inauguração prevista para março de um novo prédio no bairro São José do Barreto, a UFRJ duplica, em menos de cinco anos, as instalações do Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Socioambiental de Macaé (Nupem). A unidade educacional e de pesquisa está ligada ao Centro de Ciências e Saúde (CCS) e funciona na região Norte do Estado do Rio de Janeiro.

O projeto foi orçado em R$ 3 milhões e contou com financiamento da Secretaria de Educação Superior (Sesu), ligada ao Ministério da Educação. Apenas com a obra de edificação, gerenciada e fiscalizada pelo Escritório Técnico da Universidade (ETU/UFRJ), foram gastos R$ 2,5 milhões. O prédio, com 2,9 mil metros quadrados, terá oito salas de aula, doze gabinetes para professores e oito laboratórios para experimentos em Biologia e Química, três dedicados exclusivamente à última disciplina e com elevados níveis de segurança.

Prontas desde o dia 20 de fevereiro, as novas instalações serão inauguradas oficialmente em meados de março, com a presença do ministro da Educação, Fernando Haddad. A outra parcela dos recursos obtidos com a Sesu foi empregada na aquisição de dois novos carros, 20 computadores, instalação de uma moderna central telefônica, entre outros equipamentos, segundo explicou o professor Francisco Esteves, diretor no Nupem e o pioneiro no processo de interiorização da universidade.

Rumo ao interior

O Nupem foi o primeiro passo para a criação de um campus avançado da UFRJ fora da capital. No início dos anos 80, Esteves liderou um grupo de pesquisadores do Instituto de Biologia da universidade, interessado em estudar a biodiversidade das restingas e lagoas costeiras das cidades do Norte Fluminense. O trabalho deu origem ao Nupem, que na época recebeu o nome de Núcleo de Pesquisas de Macaé. A atuação do grupo na região atraiu a atenção de cientistas de dentro e fora do Brasil e assegurou vitórias na preservação ambiental, com a criação da reserva de Jurubatiba, por lei federal de 1998, sendo, cinco anos mais tarde, reconhecida como reserva da biosfera pela UNESCO num estudo assinado por 126 cientistas.

– A partir do instante em que a indústria petrolífera intensificava as ações no município, nós percebemos que só a pesquisa não seria suficiente para mostrar a importância de preservar. Era preciso repassar o conhecimento que estava sendo gerado, para criar políticas públicas. É por isso que o Nupem até trocou de nome – conta Esteves, sobre a inclusão das palavras ecologia e desenvolvimento socioambiental.

A estrutura da UFRJ em Macaé conta com dois pólos: o Barreto e o Universitário. No primeiro, localizado no bairro São José do Barreto e paralelo ao segundo maior canal artificial do planeta (Campos-Macaé), fica o Nupem, um órgão suplementar do CCS, instalado em uma área de 26 mil metros quadrados doada pela prefeitura da cidade. Lá, em um prédio de 2,8 mil metros quadrados inaugurado em março de 2006, ocorrem as aulas de graduação de Biologia e, futuramente, também as aulas práticas dos cursos de Química.

No Pólo Universitário está instalado o prédio da Funemac (Fundação Educacional de Macaé), órgão vinculado à prefeitura de Macaé e que cede espaço para a realização dos cursos de Licenciatura em Química e Farmácia. A partir do segundo semestre deste ano, recebe também alunos para as aulas de Medicina, Nutrição e Enfermagem.

Nos dois pólos trabalham hoje, em modelo de dedicação exclusiva, 25 professores. Segundo Esteves, o número vai quadruplicar, com a chegada de mais 80 profissionais até o fim de 2009. “A UFRJ visa com esse campuspromover o desenvolvimento regional e, com isso, tirar da exclusão científica um contingente enorme da população de nosso estado”, afirma o professor.

A proposta em Macaé é de que não haja separação por departamentos no campus para facilitar a integração de áreas distintas. Um químico de formação trabalha ao lado de um biólogo. Eles convivem sem ter a fragmentação existente hoje na Cidade Universitária, no Rio. “A idéia é manter essa estrutura não compartimentalizada, mesmo a longo prazo, com o crescimento do Nupem. Sempre multidisciplinar, as pessoas se unindo em torno das pesquisas, em micronúcleos transitórios”, explica Fábio Di Dário, professor de Biologia, que chegou em 2006 ao núcleo.

Para 2009, além dos três novos cursos de graduação, está prevista a realização de um curso de pós-graduação em Ciências Naturais e Desenvolvimento Socioambiental, que já teve a aprovação do Consuni (Conselho Universitário) e deve ser implantado tão logo seja obtida a aprovação da Capes. “O Nupem é um verdadeiro laboratório de mudanças que está aberto para o desenvolvimento de pesquisas na área de Ciências Naturais, dentro de uma abordagem multidisciplinar integrada e voltada para a solução de problemas da região”, concluiu Esteves, revelando que essa é a visão de ensino superior do futuro, ao deixar de ser uma ilha de conhecimento tecnológico cercada por comunidades imersas na ignorância.