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Edição 240
04 de novembro de 2010

Saúde e Prevenção

Estudo mapeia grupos de pesquisa com HIV em todo o país

Jamille Ribeiro

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com o Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais e a Iniciativa Internacional de Vacina contra a Aids (Iavi), lançou um plano de mapeamento dos grupos potenciais de pesquisa e desenvolvimento em inovação na área específica de desenvolvimento de vacinas de HIV, com o intuito de se criar um diretório nacional desses grupos. A primeira fase do plano será feita por um formulário eletrônico.

“Esse formulário será nos moldes currículo Lattes ou do imposto de renda e mais de 200 grupos de pesquisa no Brasil foram inicialmente convidados a preenchê-lo”, diz o professor Rodrigo Brindeiro, do Departamento de Genética do Instituto de Biologia da UFRJ. Entre os grupos que participarão do levantamento estão instituições de ensino e pesquisa, públicas e privadas, unidades de produção e centros de pesquisas, que são referência no país.

Desde o ano passado, o Departamento nacional de DST/Aids e hepatites virais trabalha nesse plano para o desenvolvimento de uma vacina anti-HIV brasileira, o plano foi finalizado, mas para que as ações possam ser executadas com efetividade é necessário que haja um mapa do Brasil com as fortalezas e fraquezas na produção, esclarece o docente.

Brindeiro explica a razão do sucesso e pioneirismo das pesquisas com Aids no país. “O sucesso do programa nacional de Aids nas últimas duas décadas começou com a grande pressão social das ONGs no início dos anos 90 para que houvesse um tratamento universalizado e gratuito para pacientes soropositivo. Esse sucesso começou com iniciativas pontuais como o primeiro centro Nacional de Referência em Aids, o hospital Gaffrée e Guinle, localizado na Tijuca e o primeiro programa brasileiro para o controle da Aids, realizado em São Paulo”, lembra o professor, que também fala de duas grandes conquistas sem as quais o tratamento universal disponível na rede pública não seria possível, o licenciamento gratuito, conseguido através da negociação do Brasil com as grandes companhias internacionais de remédios retrovirais e os genéricos, sem os quais o país não teria condições de arcar com os custos do tratamento.

Em seguida, o Brasil começou a estabelecer redes de exames para pacientes, que disponibilizavam exames como a contagem de carga viral e o exame de genotipagem do HIV, que detecta pelo DNA complementar produzido a partir do RNA, quais as mutações de resistência do vírus. O professor conta que o sucesso também se deve ao investimento do país em pesquisa e pesquisadores, “esses investimentos criaram uma massa critica de profissionais na área e esses profissionais foram capazes de responder com pesquisas e projetos de sucesso”, mas hoje é necessário maior aporte de investimentos na área de pesquisa em HIV/Aids para que o sucesso continue e ocorra o desenvolvimento efetivo de uma plataforma brasileira de desenvolvimento e produção de vacinas (microbicidas de ação local). Esses investimentos poderão vir de agências como as faps, CNPq e Finep e até mesmo do Bndes, afirma Brindeiro. 

Além dos investimentos, outro fator que precisa ser melhorado é a carga burocrática do país, que dificulta a vida da comunidade científica como será  detalhado na seção argumento desta semana “Dados preliminares do nosso mapeamento indicam o que já é bastante sabido da comunidade científica, que a alta burocracia e gasto de tempo nas ações de importação e no processo regulatório de pesquisa continuam sendo um grande entrave ao desenvolvimento tecnológico em ciência e saúde no Brasil”, afirma Brindeiro, que destaca a importância de toda essa estrutura por onde passam as pesquisas e afirma que o único pedido da comunidade científica é a agilização de todo o processo.

 “Vale salientar que os aspectos regulatórios de pesquisa no Brasil, tanto quanto os de importação, continuam sendo importantes e o que a  comunidade científica pede não é a retirada dessa estrutura, mas, sim, maior agilidade no processo.”

O trabalho de mapeamento conduzido por Brindeiro deve estar finalizado até o final deste ano e deverá ser apresentado entre março e abril de 2011, em evento na Academia Brasileira de Ciências, que fica no Rio de Janeiro.

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